Pelo Corredor da Escola

Apontar temáticas do cotidiano escolar é o objetivo primeiro deste blog, na intenção de ser "elo" entre as partes envolvidas (aluno/professor). A reflexão é o nome deste elo, que não só une, mas debate e critica os principais livros do Brasil e do mundo.

Para maiores informações falar com o Prof. Israel Lima

israellima7.4@bol.com.br


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Celeiro da Tecnologia


Belo Horizonte é considerada a segunda cidade do país em número de empregos formais na área de desenvolvimento de software, atrás apenas de São Paulo, de acordo com Arquimedes Wagner Brandão Oliveira, presidente do Sindicato das Empresas de Informática de Minas Gerais (Sindinfor). Segundo ele, em outubro de 2008, 10 mil profissionais da área tinham carteira assinada, contra 14 mil em São Paulo. “A tendência é que tenha crescido ainda mais desde então. Trata-se de um setor muito pungente na cidade”. O presidente cita outro exemplo que mostra a evolução do estado no que se refere ao mercado de tecnologia da informação (TI). “Em Minas, há quatro anos, não havia nenhuma empresa certificada em qualidade de software. Hoje, são 40 instituições. Diversas parcerias movimentaram bastante o setor. Além disso, Minas e Belo Horizonte atraem grandes empresas devido a fatores como qualidade de vida e segurança”.
De acordo com Arquimedes, o profissional mais procurado atualmente é o que trabalha com desenvolvimento de sistemas, especialmente em linguagem Java, e administração de banco de dados, que representa cerca de 80% da demanda. Apesar de a oferta de vagas ser crescente, o presidente do Sindinfor destaca como “verdadeiro calo a demora de até dois anos para que o pessoal que saiu da faculdade esteja pronto para trabalhar da forma que as empresas precisam”. Daniel Coelho, gerente de negócios da Universal Software, especializada em desenvolvimento de programas para o ramo imobiliário e jurídico, confirma que tem que lidar com a falta de profissional capacitado no mercado. A empresa conta com 30 funcionários, divididos entre Belo Horizonte e Fortaleza, sendo sete analistas de desenvolvimento, cargo mais procurado e que seria a mão de obra básica. “Encontrar profissional com conhecimentos específicos, como a última geração de linguagem de programação, que requer certificação, experiência e qualificação, é difícil. A oferta é menor que a demanda”.QUALIFIAÇÃO Segundo Daniel, nesse contexto de déficit, o que tem sido feito pelas empresas é optar por quem não tem experiência e criar programas de qualificação, além de um plano de carreira que estabeleça ganhos em escala. “Fazer isso é caro e exige tempo. Há casos em que é preciso até nove meses para preparar o funcionário. O profissional, além da universidade, tem que correr atrás de forma paralela seja por conta própria ou por meio de empresas como a nossa, que oferece cursos e seminários”.
Em busca de soluções para esse descompasso, cursos de capacitação e certificação surgem como aliados tanto de profissionais quanto de empresas. O próprio Sindinfor está procurando fazer a sua parte. Um curso de capacitação, em parceria com o Senai, está praticamente fechado. “Trata-se de um pós-técnico em desenvolvimento de sistemas, com um ano de duração”, explica Arquimedes. Em outro projeto, está previsto um convênio com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes) para capacitação em TI nas escolas do estado. “A intenção é que esses programas estejam funcionando em fevereiro ou março”.


(Fonte: Estado de Minas, 16/12/2009 - Belo Horizonte MG - Minas Gerais tem 40 instituições certificadas em qualidade de software e desponta como um dos estados que mais atraem grandes empresas, devido à qualidade de vida e segurança Carolina Lenoir.)

À caça de profissionais


O mercado para profissionais da área de tecnologia da informação (TI) está em franca expansão em todo o país. De acordo com uma pesquisa divulgada em novembro pela empresa especializada IDC Brasil, apesar da crise econômica, os resultados do setor no primeiro semestre de 2009 foram positivos, com crescimento de 4,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. A projeção é que o mercado de serviços profissionais de TI encerre o ano com crescimento de 5,13% em comparação a 2008.
Ainda de acordo com a IDC Brasil, até o fim de 2013, pelo menos 2,7 mil empresas de TI serão criadas no Brasil e o setor deve gerar mais de 1 milhão de oportunidades de trabalho, principalmente nas áreas de serviços e de desenvolvimento de softwares. Oferta de bons empregos na área, portanto, não falta, diferentemente da disponibilidade de mão de obra capacitada. Esse é um dos principais problemas enfrentados pelas empresas de TI, que já sofrem com o déficit de profissionais especializados no mercado.
As vagas são abertas, mas é difícil encontrar quem esteja apto a preenchê-las, principalmente nas áreas de sistema da informação, processamento de dados e ciência da computação. O resultado é que os profissionais realmente qualificados são supervalorizados e, consequentemente, caros. O Sindicato das Empresas de Informática de Minas Gerais (Sindinfor) divulgou recentemente uma pesquisa sobre remuneração e benefícios pagos aos profissionais de TI no estado. De acordo com o presidente do sindicato, Arquimedes Wagner Brandão Oliveira, entre 2007 e 2009, os salários subiram 14% acima da reposição inflacionária. "Os salários têm subido mais que a inflação, especialmente nos cargos que se concentram na área de desenvolvimento." Nas 36 empresas e 22 cargos pesquisados, o menor salário médio registrado foi de R$ 1 mil para técnico de suporte júnior e o maior, de R$ 7.027, para consultor de informática (grupo 2).
ESTRANGEIRAS Dentro do contexto de crescimento na área de TI registrado no Brasil, Minas Gerais tem papel de destaque. Somente este ano, duas importantes empresas indianas se instalaram na Grande Belo Horizonte. Uma delas é a Aptech Computer Education, posicionada entre as maiores empresas de capacitação no mundo, que está com matrículas abertas para o seu programa de formação. A duração é de três anos e equivale a um curso superior tecnológico. É a primeira unidade da empresa aberta em solo brasileiro. Também pioneira no país é a unidade da Infosys instalada em Nova Lima, na região metropolitana – a segunda da América Latina. Referência no setor de terceirização de TI no mundo, a estimativa é de que a empresa feche o ano com um total de 300 empregos diretos criados. Soma-se a essas novidades o fato de a capital mineira abrigar a sede do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Google na América Latina e de, até julho do ano que vem, ver pronto o antigo sonho do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec). O empreendimento – uma parceria entre o governo de Minas Gerais, a Prefeitura de Belo Horizonte e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – vai atuar em diversos setores científicos e tecnológicos, em uma área de 556 mil metros quadrados (m²), cedida pela universidade, próximo ao câmpus da Pampulha.


(Fonte: Estado de Minas, 16/12/2009 - Belo Horizonte MG - Empresas de tecnologia da informação sofrem com falta de especialistas no mercado Carolina Lenoir.)

Exame Reflete ensino, Dizem Profissionais


Especialistas consideram o exame do Cremesp questionável, por não ser obrigatório, mas concordam que os resultados negativos refletem a realidade do ensino médico, com instituições sem estrutura adequada. “Se mais da metade é reprovada, isso significa que mais da metade erraria um diagnóstico”, afirma o diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Marcos Boulos. Os médicos defendem um exame obrigatório, com conhecimentos teóricos e práticos. “Seria uma prova que medisse atitude, ética e habilidade”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Antonio Carlos Lopes.
Para o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), José Luiz Gomes do Amaral, o ideal seria um exame que avalie o progresso do aluno no curso, com o objetivo de aprová-lo ou não para exercer a medicina. “Seria interessante que fosse no segundo, no quarto e no sexto ano, para termos tempo de intervir”, afirma. Segundo Amaral, a avaliação do Cremesp retrata uma realidade esperada. “Temos consciência há mais de uma década que o ensino superior sofre essa degradação, e a medicina não está fora disso”, afirma. “Tivemos uma proliferação de escolas médicas sem estrutura necessária para oferecer bons cursos”, afirma. O Conselho Federal de Medicina afirmou que considera a avaliação pertinente. Mariana Mandelli.

(Fonte: Jornal da Tarde, 16/12/2009 - São Paulo SP)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Alunos se Deixam Enganar, Afirma Associação Médica


Para o presidente da Associação Médica Brasileira, José Luís Gomes do Amaral, os alunos das más faculdades de medicina não devem ser vistos como vítimas.


A seguir, a entrevista à Folha. (RW)


FOLHA - Mais da metade dos futuros médicos foi reprovada...


JOSÉ LUÍS GOMES DO AMARAL - Quando, há cerca de 15 anos, começou essa explosão no ensino superior privado, já antevíamos a perda da qualidade. O resultado é esperado.

FOLHA - O que, na prática, significa um médico mal formado?


GOMES DO AMARAL - Esse médico terá 40 anos pela frente de atendimentos ruins. E o problema não se corrige com o tempo. Aprender fora da universidade é mais difícil.
Além disso, os melhores médicos vão para a saúde privada, que paga salários mais altos. Enquanto isso, para o nosso Sistema Único de Saúde, sobram os médicos mais deficientes. A saúde pública fica ainda pior.

FOLHA - Os alunos são vítimas das faculdades ruins?


GOMES DO AMARAL - Hoje há elementos para saber se uma faculdade é boa ou péssima. Os alunos, na realidade, estão se deixando enganar.


(Fonte: Folha de São Paulo, 16/12/2009 - São Paulo SP - DA REPORTAGEM LOCAL)

Futuro Médico Erra Definição de Gripe Suína


Mais da metade dos estudantes do último ano de medicina que participaram de um teste de múltipla escolha não soube explicar o que é a gripe suína. Dos 621 futuros médicos (25% do total de formandos) que resolveram o exame aplicado pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) dois meses atrás, 61% erraram a resposta. Problema de saúde pública mundial, a gripe suína deixou doentes e mortos no Brasil em meados deste ano e deve voltar ao país no próximo inverno. "Nossas faculdades são de má qualidade e estão formando médicos péssimos. A saúde da população está em risco. Não é à toa que as denúncias por erro médico aumentam ano a ano", afirma Bráulio Luna Filho, médico responsável pelo exame.
No Brasil, a lei não exige que se faça residência médica antes de exercer a profissão. Bastam os seis anos de universidade. A prova do Cremesp, executada pela Fundação Carlos Chagas, é aplicada desde 2005 com o objetivo de aferir a competência dos novos médicos. Na primeira fase, eles resolvem questões de múltipla escolha. Os poucos aprovados participam da segunda fase, que inclui simulação de situações reais. Neste ano, 56% dos alunos foram reprovados, índice parecido com o dos dois anos anteriores. Foram particularmente mal em clínica médica, saúde mental e clínica cirúrgica. Entre as razões para esse desempenho "lamentável", o Cremesp diz que as faculdades privadas investem pouco na qualidade dos cursos -muitas não têm hospital próprio- e que o Ministério da Educação não as fiscaliza com rigor. "Há muitos interesses políticos e financeiros. O prefeito ou deputado que abre uma faculdade numa cidade ganha um prestígio gigantesco na região", diz o presidente do Cremesp, Henrique Carlos Gonçalves. O MEC rechaçou a crítica e disse que, em razão de má qualidade, cortou temporariamente 730 vagas nos vestibulares de medicina do país. O Estado de São Paulo tem 31 faculdades de medicina, das quais 25 formam 2.600 médicos por ano. Seis ainda não formaram a primeira turma. O exame do Cremesp não é obrigatório, mas vários alunos participam na esperança de que um bom resultado possa ajudar em seus currículos. A baixa adesão não permite que se faça um ranking das melhores e das piores instituições. "Como os bons alunos sabiam que iriam bem, participaram da prova. Os maus alunos boicotaram. Tenho certeza que, se todos tivessem participado, a reprovação teria sido muito pior", diz Luna Filho. De acordo com ele, houve casos em que as próprias faculdades -por discordar da metodologia ou temer os resultados- incentivaram o boicote.

(Fonte: Folha de São Paulo, 16/12/2009 - São Paulo SP - 61% dos alunos do último ano de medicina que participaram da prova do conselho da categoria não souberam explicar o que é a doença. 56% dos estudantes foram reprovados no exame, que não é obrigatório; conselho diz que faculdades investem pouco na qualidade do curso RICARDO WESTIN DA REPORTAGEM LOCAL)

Futuros Médicos têm Alto nº de Erros


Futuros médicos avaliados pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) tiveram neste ano o pior desempenho nas questões de clínica médica desde 2005, quando a avaliação foi implantada. Essa área engloba procedimentos básicos e identificação e análise de sintomas. O resultado mostra que, dos 621 estudantes do 6º ano (último da graduação) que fizeram a prova, 48,45% acertaram as perguntas sobre atendimento clínico. Em 2006, ano com maior margem de acerto, o índice foi de 60,82%. Realizado em duas fases, o exame não é obrigatório e não tem validade legal. Os resultados divulgados se referem à primeira etapa. Segundo o Cremesp, cerca de 2,6 mil estudantes de medicina se formam por ano no Estado. O resultado do exame de 2009 aponta que os formandos têm mais conhecimento sobre questões ligadas à ética na profissão (85,69% de acertos). "A prova é de dificuldade média a fácil e os estudantes apresentaram baixo desempenho naquilo que deveriam saber melhor (clínica médica), porque esta é a porta de entrada para o paciente que procura o hospital ou o serviço de emergência", diz o coordenador do exame, Bráulio Luna.
Para Luna, o resultado da prova pode não refletir a realidade do ensino de medicina. "Avaliamos a melhor amostra de alunos, porque só comparece o estudante que se sente preparado", diz. No exame deste ano, 56% dos inscritos foram reprovados e não passaram para a segunda fase. No ano passado, o índice chegou a 61%. "Mas, para nós, o baixo desempenho continua o mesmo porque temos a margem de erro. Os alunos não melhoraram em nada", diz.
O presidente do Cremesp, Henrique Carlos Gonçalves, aponta pelo menos três fatores para a má qualificação dos estudantes. O primeiro é o boom de faculdades de medicina no País. Atualmente, 31 escolas médicas atuam em São Paulo. Outro fator é a falta de infraestrutura para receber os alunos, como prédios sem hospitais universitários. E o terceiro é a má qualificação dos professores. Para os estudantes, a prova não é a melhor forma para avaliar o curso. Segundo eles, falta avaliação prática. "O melhor seria controlar a abertura de cursos sem critérios", diz o aluno da Unifesp Igor Mendonça. COLABOROU LAÍS CATTASSINI.

(Fonte: O Estado de São Paulo, 16/12/2009 - São Paulo SP - Avaliação do Conselho Regional de Medicina é feita anualmente com estudantes que terminam o curso Marcela Spinosa, JORNAL DA TARDE.)

Para Dirigente, Internacionalização Aumentará Inclusão


A internacionalização do Ensino Superior no País provocará novas demandas e desafios ainda desconhecidos às universidades brasileiras. É o que pensa o presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), Alan Barbiero, que falou a respeito do tema durante o Encontro de Reitores Universia. O evento, que reuniu gestores de aproximadamente 30 instituições de ensino, foi realizado na tarde desta quinta-feira, 10 de dezembro, em Belo Horizonte. "Os processos de inclusão no Ensino Superior não se restringem às ações afirmativas para a incorporação de negros ou de estudantes de classes mais favorecidas", disse Barbiero. Segundo o presidente, com a expansão das universidades em municípios mais afastados será possível transformar as condições sociais de toda uma cidade, não só de seus estudantes. "A instituição de ensino, a partir de todas as suas linhas de atuação, tem o dever de interagir com a sociedade de seu entorno, além de ajudá-la a se desenvolver", defendeu Barbeiro, que aposta no potencial da educação como instrumento de inclusão em qualquer país. "Sem ela, não é possível construir cidadania", acrescentou.
O evento, organizado pelo Universia Brasil, propôs a discussão sobre a responsabilidade da universidade brasileira como agente de coesão e inclusão social. Assim como o presidente da Andifes, a mesa do encontro foi composta pelo reitor da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Zaki Akel, e pelo reitor da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), Ricardo Motta Miranda. Os debates foram moderados pela reitora da UFAL (Universidade de Alagoas), Ana Dayse Rezende Dórea. Ainda que Akel reconheça o poder da internacionalização no processo de inclusão no País, ele também ressaltou o potencial das ações afirmativas e apresentou a experiência da própria UFPR para justificar sua afirmação. "A Universidade do Paraná, desde 2004, reserva 20% de suas vagas a estudantes afro-descendentes e outros 20% a alunos oriundos de escolas públicas. Recentemente a instituição também tem garantido acesso a indígenas, bem como a brasileiros com necessidades especiais", afirmou ele em referência ao processo, só valido a partir da segunda fase do vestibular da instituição.
De acordo com ele, a iniciativa associada a programas de suporte de permanência desses estudantes resultou na diversificação de seu corpo discente. "Hoje, temos 1.332 cotistas raciais, 3.799 cotistas sociais, 109 alunos com necessidades especiais e outros 29 indígenas", disse Akel. O reitor acredita que a associação do programa ao aumento da evasão assim como a queda da qualidade acadêmica é um senso comum equivocado. "Esses alunos precisam ser integrados a vida acadêmica, até porque não são estudantes de segunda linha", disparou. Para Miranda, o segredo da inclusão universitária está na institucionalização das iniciativas voluntárias espalhadas nos programas de ensino, pesquisa e extensão. "As ações de inclusão social estão presentes em quase todas as universidades brasileiras, mas quando não são institucionalizadas atendem a um número restrito de pessoas, limitando assim os resultados", declarou o reitor da UFRRJ. "O compromisso da inclusão é um bem comum de toda e qualquer instituição de ensino. No entanto, as ações precisam considerar as especificidades, potencialidades e necessidades de cada uma delas", acrescentou ele. II Encontro Internacional de Reitores Universia - O encontro realizado na capital mineira foi uma prévia do II Encontro Internacional de Reitores Universia, que será realizado nos dias 30 de maio e 1º de junho, em Guadalajara, no México. Com o objetivo de avaliar as possíveis respostas das universidades para as demandas da sociedade ibero-americana, a iniciativa reunirá representantes de mil instituições de Ensino. "O convite se estende também às universidades brasileiras que queiram trocar práticas e identificar potencialidades", afirmou Ricardo Fasti, diretor-geral do Universia Brasil.
O País já garantiu dois lugares em cada uma das mesas de debates que serão organizadas em Guadalajara. "A aprendizagem e a potencialidade de crescimento, no entanto, não se restringem aos 10 gestores brasileiros que farão parte do grupo de palestrantes. Os espectadores também poderão tirar proveito deste rico espaço de debate. Portanto, recomendo que nenhuma universidade federal fique de fora desse evento", defendeu Barbiero, que garante que a Andifes está a disposição para ajudar às IFES interessadas em participar do encontro. "Esse foi apenas o primeiro de muitos outros encontros nacionais que serão realizados ao longo dos próximos meses. Isso porque as pautas precisam ser desenvolvidas para que seja possível estabelecer uma visão coordenada, o que não significa que tenha que ser homogênea", disse Fasti, que também acrescentou a importância do uso da comunidade virtual Universia Debate nesse processo de reflexão. "Além de gerir informação, também poderá armazenar conhecimentos que servirá de base para a geração de novas políticas educacionais", destacou.

(Fonte: Portal Universia, 15/12/2009 - Presidente da Andifes acha que universidades desconhecem o desafio - Por Larissa Leiros Baroni, de Belo Horizonte)

Incentivo à Matemática Ajuda Educação Pública, diz Ministro


A conscientização dos alunos sobre a importância do estudo das ciências exatas aliada à mobilização de professores, em ambiente escolar motivador, contribui para a melhoria da educação pública no Brasil, afirmou nesta segunda-feira o ministro da Ciência e Tecnologia (MCT), Sergio Rezende. Ele fez a declaração durante o anúncio dos vencedores da 5ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), em Brasília. O número de inscritos, 19,2 milhões, corresponde a cerca de 10% da população brasileira, segundo informou o ministro. "A matemática é básica para todas as matérias, é essencial para as ciências, mas também para áreas não científicas. Essa grande olimpíada traz grandes benefícios e contribui para a melhoria da qualidade do ensino público brasileiro", afirmou Rezende. Para a secretária da Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar Lacerda, a expressiva quantidade de participantes da Obmep é reflexo da conscientização de alunos e professores quanto à importância da disciplina. Ao lembrar que os alunos participam espontaneamente da olimpíada, a secretária também destacou a quantidade de talentos que podem ser descobertos durante as etapas da competição. A diretora acadêmica da Obmep, Suely Druck, também ressaltou a importância da olimpíada como instrumento fundamental para a melhoria do ensino da disciplina nas escolas, "criando um ambiente saudável e motivador". Para ela, essa motivação abrange tantos professores, que buscam inovar na forma de ensinar o conteúdo, quanto alunos, que se empenham "nessa competição saudável".
Suely lembrou ainda o caráter de inclusão social do campeonato, com a concessão de bolsas de iniciação científica aos alunos vencedores, em parceria com o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O presidente da Capes, Jorge Guimarães, também destacou a grande adesão à Obmep e sugeriu a inclusão de mais áreas do conhecimento nessa modalidade de competição escolar. "Poderíamos avançar para outras olimpíadas, já que ela está se mostrando um bom instrumento para mobilizar o ensino público."

(Fonte: Portal Terra Educação, 14/12/2009)

Grécia Debate o Direito da Polícia de Entrar nos Campi Universitários


Uma nova onda de ataques violentos contra acadêmicos está varrendo os campi em Atenas e Tessalônica, levando os professores gregos a questionarem a lei que proíbe policiais de entrarem nos espaços universitários. A lei não existe em nenhum outro lugar na Europa, mas é considerada sacrossanta na Grécia desde a queda da ditadura militar, que reprimiu de forma sangrenta uma rebelião estudantil na Politécnica de Atenas, em 1973, quando pelo menos 23 pessoas foram mortas. O último fim de semana viu um pico na violência, que tem crescido nos últimos meses juntamente com inquietação social geral, um aumento da criminalidade e o ressurgimento do terrorismo doméstico. Centenas de manifestantes antiestablishment invadiram os prédios universitários durante as manifestações realizadas em memória de um adolescente que foi baleado e morto por um policial há um ano, um evento que provocou alguns dos piores distúrbios já ocorridos na capital. O reitor da Universidade de Atenas, Christos Kittas, foi enviado para a unidade de terapia intensiva no domingo, após ser atacado por agressores usando barras de ferro e então atirado para fora de seu gabinete. Kittas, que teve alta do hospital na quarta-feira após se recuperar de um ataque cardíaco, pediu aos colegas acadêmicos e aos políticos para tratarem do problema nos campi. Ele disse que se sentiu "morto por dentro ao assistir jovens que poderiam ser meus netos ou alunos cometendo crimes e vandalizando o templo da liberdade de pensamento". Na semana passada, um professor da Universidade de Economia e Administração de Atenas, Gerasimos Sapountzoglou, foi agredido por extremistas quando se recusou a interromper uma aula. Vários outros acadêmicos sofreram ataques semelhantes em Atenas e Tessalônica nos últimos meses. Anastassios Manthos, reitor da Universidade Aristóteles de Tessalônica, que foi deixado inconsciente em um ataque semelhante no campus no ano passado, disse que a situação está ainda pior. "A violência nas universidades, e na sociedade grega em geral, é explosiva e sem precedente", ele disse. Ele citou a piora da economia e o ensino inadequado como principais razões para o descontentamento, que também alimenta a criminalidade, o terrorismo e os ataques contra escritores em festas para autógrafos de livros nos cafés de Atenas. Manthos atribuiu a violência nas universidades a "membros antiestablishment, grupos anarquistas e uma minúscula porção da população estudantil". "É um tipo de terrorismo", ele disse. As gangues por trás dos ataques variam em tamanho de 10 a 50 pessoas, com os agressores geralmente vandalizando propriedades universitárias. As ocupações dos campi costumam durar algumas poucas horas. Durante os ataques, que ocorrem em intervalos de poucas semanas, slogans costumam ser pichados nas paredes ou faixas são penduradas nos prédios, condenando a "opressão do Estado". Um autoproclamado anarquista que participou dos protestos no fim de semana disse que a inquietação é a única forma dos jovens insatisfeitos serem ouvidos. "O que um garoto pobre e sem perspectivas pode fazer? Ele vai pegar uma pedra e atirar contra um policial, ou forçará que a atenção se volte para ele", disse Yiannis Anagnostou, 37 anos, um agrônomo que se diz comunista e simpatizante do anarquismo.
Quanto à violência contra os acadêmicos, ele não se sensibiliza. "Eles deviam saber melhor em vez de fazerem o papel de guardas. Quando você vê uma multidão de pessoas furiosas, você sai da frente", ele disse. Os reitores concordam que a chamada lei de asilo das universidades, introduzida em 1982 para proteger a liberdade de expressão que era defendida pelos estudantes que foram mortos, está sendo explorada pelos extremistas para suprimir o ponto de vista dos outros. "Não se trata apenas de ataques organizados -há um clima geral de medo nas universidades", disse Yiannis Panousis, um criminologista proeminente da Universidade de Atenas, que foi hospitalizado em fevereiro após ser atacado com barras de ferro e marretas por extremistas durante uma aula. Após o ataque contra Panousis, os acadêmicos evitaram condenar publicamente os ataques por temerem represálias. Agora eles estão se manifestando. "Isso não pode continuar", disse Konstantinos Moutzouris, reitor da Universidade Técnica Nacional de Atenas, com a Politécnica de Atenas é oficialmente chamada. "Nós temos que reconsiderar quem somos, onde estamos, no que acreditamos", disse Moutzouris na segunda-feira, notando que "chegou a hora" de reavaliar, mas não abolir, a lei de asilo. No mês passado, o reitor da Universidade Técnica Nacional e dois outros diretores da
Universidade enfrentaram acusações criminais por "violação do dever", devido ao fracasso da instituição em impedir que seus computadores fossem usados para atualizar o site da divisão de Atenas da rede de notícias anticapitalista, pró-anarquista, Indymedia. Respondendo às acusações, a universidade disse que não promoveria qualquer tipo de censura "independente das diferenças de opinião ideológicas ou políticas que possam separá-la das opiniões expressadas". Os comentários dos acadêmicos, e o assunto da Indymedia, levaram ao debate sobre se a lei de asilo deve ser mudada. Os programas de entrevista na televisão estão dominados pelo assunto, com os políticos de esquerda e os estudantes em sua maioria contrários à mudança, enquanto a maioria daqueles de direita ou centristas a apoiam. O novo governo socialista parece estar se contendo. A ministra da Educação, Anna Diamantopoulou, condenou o ataque contra Kittas como "fascismo bruto e não provocado", mas descartou mudanças na lei. Ela notou, entretanto, que o governo está "pronto para apoiar as decisões das autoridades universitárias", que têm o direito de convidar a entrada da polícia nos campi, mas raramente o fazem porque a medida é considerada provocativa.
Apesar do governo estar mantendo distância, a Escola de Direito de Atenas adotou na terça-feira a medida ousada de restringir o acesso ao seu campus, aprovando um programa de emissão de carteirinhas para os estudantes e posicionando guardas em seus portões. Governos sucessivos recuaram na revisão da lei de asilo por temerem uma reação negativa. A maioria dos gregos ainda se incomoda com a visão de policiais próximos das universidades, ao lembrarem dos tanques que invadiram o campus da Politécnica de Atenas em 1973. Alguns dizem que uma revisão plena da lei não é necessária. Segundo Manthos, o reitor em Tessalônica, a legislação não precisa ser reformada, mas aplicada. "A lei declara claramente que quando crimes forem cometidos no campus, como a fabricação de bombas para uso em distúrbios, a polícia pode entrar sem pedir permissão", ele disse. Mas ele notou que "prevenção é melhor do que repressão". Panousis, o criminologista, destacou que o problema não pode ser resolvido com uso da força. "Não é apenas uma questão de policiamento, é um problema social", ele disse. "Nós temos que começar a discutir o assunto." Tradução: George El Khouri Andolfato.


(Fonte: Portal UOL Educação, 14/12/2009 - Niki Kitsantonis)

UFPR Confirma Uso de Nota do Enem 2009 no Vestibular 2010


O reitor da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Zaki Akel Sobrinho, confirmou neste domingo (13) que a instituição irá utilizar a nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2009 no vestibular 2010. A confirmação se deve à garantia que a universidade recebeu da Sesu (Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação) de que terá as notas do exame no início de janeiro, na data provável de 15 de janeiro. A universidade iniciou a segunda fase no sábado (12); neste dia, o exame teve abstenção de 4,72%, dos 15,4 mil candidatos convocados. No domingo (13), quando foram aplicadas as provas específicas para 10,9 mil candidatos, 592 (5,43%) faltaram. Das 91 opções de cursos da UFPR, 26 não exigem nenhuma avaliação específica. Para esses candidatos, a segunda fase se resumiu à prova de compreensão e produção de textos, aplicada no sábado. Os cadernos de provas devem ser publicados na internet a partir das 21h deste domingo. O resultado final do vestibular está previsto para ser divulgado em 22 de janeiro, com registro acadêmico de 1º a 5 de fevereiro, conforme escala no Guia do Candidato. A primeira chamada complementar está prevista para 19 de fevereiro. Mudanças para 2010 - Durante entrevista coletiva realizada neste domingo, o reitor da UFPR também anunciou três mudanças para a próxima edição do processo seletivo: a primeira diz respeito ao curso de medicina, que terá substituição da prova específica de filosofia por biologia. A prova de química para esses candidatos está mantida. O curso de engenharia cartográfica, que atualmente não exige nenhuma prova específica, passará a ter a de matemática. Outra mudança ocorrerá para o curso de música, que passará a aplicar a prova de habilidades, com caráter eliminatório, antes da 1º fase.

(Fonte: Portal UOL Educação, 14/12/2009 - Da Redação em São Paulo)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Cinco, ou Mais, Reflexões Sobre o Enem


AO LER o artigo "Cinco acusações contra o Enem" ("Tendências/Debates", 10/12), fui mobilizada por vários sentimentos. O primeiro deles surge do caráter determinado do texto de evidenciar apenas aspectos negativos do Exame Nacional do Ensino Médio-questionáveis, sob o meu ponto de vista, o que é emblematicamente representado pelo pleonasmo do título. Qualquer acusação é sempre contrária a algo ou, no caso do artigo, talvez as acusações não sejam necessariamente contra o Enem, mas contra o que ele eventualmente representa em termos políticos e/ou ideológicos. Historicamente em nosso país, o acesso à universidade pública se deu por meio de processos seletivos sob a responsabilidade da própria instituição ou de fundações contratadas. Além de submeterem os candidatos a uma maratona exaustiva de provas, os vestibulares não têm o objetivo primeiro de refletir sobre o desenho curricular do ensino médio. Sua função precípua é a de, apenas, selecionar alunos de acordo com o perfil considerado mais adequado a cada universidade.
O Enem surge com a finalidade de avaliar os alunos do ensino médio e, consequentemente, a qualidade desse nível de ensino. Sob essa perspectiva, a utilização do exame atende a duas finalidades: servir como mecanismo de avaliação dos postulantes ao ensino superior no Brasil e subsidiar reflexões pedagógicas que reorientem, de forma contemporânea, os rumos do ensino médio. Partindo do princípio de que o Enem é legítimo para tal avaliação, por que não utilizá-lo como referência para o acesso único ao ensino superior do país? A unidade nacional do exame, respeitando a diversidade e a universalidade de conhecimentos, não pode ser considerada, de maneira simplista, uma forma de centralização do poder. Ao contrário, um exame único democratiza o acesso às várias instituições, não discriminando candidatos por condições geográficas, econômicas e/ou culturais. Se fossem priorizados temas regionais, o que seria de um candidato do Norte postulante a uma vaga no Sudeste?
Nesse caso, o critério da hegemonia cultural mencionada no artigo recairia sobre o regionalismo. Sob essa perspectiva, acredito que os aspectos universais devam ser priorizados num processo seletivo único nacional, para garantir a democratização do acesso a qualquer universidade. Quanto à importância do respeito à diversidade cultural, entendo que devam ser respeitados e garantidos pela universidade os direitos à fruição, produção e circulação das diversas culturas existentes no desenvolvimento de projetos pedagógicos envolvendo ensino, pesquisa e extensão. Concordo com o autor do artigo quando faz alusão à vasta experiência acumulada nas melhores universidades brasileiras no desenvolvimento de seus processos seletivos. No entanto, essa "riqueza acumulada" não foi suficiente para resolver a indesejável e histórica elitização do acesso à universidade pública do país. O Enem -priorizando o raciocínio a partir de competências- traz maior possibilidade de acesso democrático, em forma de esperançosa latência. O foco se desloca do eixo de expertise em formulação de questões e assume dimensão mais complexa, que pretende contribuir com a reflexão sobre a construção de conhecimentos.
Como reitora de uma universidade federal e com a independência de pensamento que detenho, uma vez que fui eleita pelo voto da comunidade universitária e dos conselhos superiores, testemunho que é infundada a afirmação de que o Ministério da Educação induza as instituições federais a aceitarem o Enem como forma de acesso ao ensino superior no país. A adesão das instituições resultou de processos coletivos de reflexão ocorridos entre os membros da Andifes (Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e, principalmente, das reflexões no interior de cada instituição, sendo a definição de sua utilização decidida pelos conselhos superiores de cada universidade. Finalmente, o sentimento de perplexidade me invade! Como pode um professor de uma universidade pública -local de resistência histórica e heroica a um regime de exceção- estabelecer qualquer analogia plausível entre dois momentos tão distintos vividos pelas universidades deste país? Deixo, então, aos leitores um sentimento de esperança a universidade pública brasileira, esse patrimônio incontestável do nosso país, depois de tantos anos de descompromisso oficial e de brutal desmonte, atravessa momento único em sua história, caminhando para a democratização do seu acesso, contribuindo com uma formação cidadã para a esperada justiça social do nosso país. MALVINA TANIA TUTTMAN, pedagoga, mestre e doutora em educação, é reitora da UniRio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)

(Fonte: Folha de São Paulo, 15/12/2009 - São Paulo SP - A universidade pública brasileira, depois de tantos anos de descompromisso oficial, atravessa momento único em sua história - MALVINA TUTTMAN)

Faculdade em Osasco é Descredenciada Pelo MEC


A Secretaria de Ensino Superior (Sesu) do Ministério da Educação (MEC) determinou o descredenciamento da Faculdade João Paulo Primeiro, mantida pelo Colégio Técnico João Paulo Segundo, com sede em Osasco. O despacho publicado no Diário Oficial da União desta segunda- feira, 14 de dezembro, dá um prazo de 30 dias para que a instituição recorra ao Conselho Nacional da Educação. A decisão do MEC foi baseada em uma série de denúncias relacionadas à precariedade nos cursos ofertados pela faculdade João Paulo Primeiro. Além disso, a instituição paralisou as atividades sem comunicar ao ministério. O MEC tentou por diversas vezes contato com o dirigente da instituição para conferir documentação e emitir diplomas dos alunos, mas não obteve resposta. A reportagem da Agência Brasil também não foi atendida por nenhum dos telefones anunciados na internet.

(Portal Terra Educação, 14/12/2009)

O Desafio de Educar


Dar ordens, aplicar uma punição, definir limites, estimular atitudes positivas, enfim, ser pai comporta uma infinidade de ações que, muitas vezes, são realizadas sem que se percebam seus impactos na formação dos filhos. Tomar decisões no momento de educar a criança ou o adolescente não é processo fácil, principalmente quando se trata de recompensar ou punir os filhos. Quando se pensa em comportamentos, a primeira coisa que passa pela cabeça de muitos pais é a palavra disciplina. Como fazer com que os filhos ajam de uma maneira e não de outra? Para a maioria, a resposta seria impor limites, que, se ultrapassados, precisariam ser novamente impostos por meio de punição. O que se ignora, nesses casos, é o poder do reforço. Por que na mesma família a criança que não organiza o quarto exige mais cuidado do que aquela que o faz? Por que o adolescente pouco estudioso merece maior atenção do que o dedicado aos estudos? Assim como em qualquer outro âmbito social, no familiar, as pessoas em geral apresentam maior facilidade para identificar os pontos negativos do que os positivos e se restringem à tentativa de corrigir as falhas comportamentais por meio de castigos. O desafio consiste em treinar o olhar dos pais para enxergar, inicialmente, as qualidades e os comportamentos desejáveis dos filhos. Amor, afeto e entusiasmo devem ser oferecidos incondicionalmente. Quanto maior o amor, mais positiva a atmosfera e mais segura a criança; e, quanto mais segura, mais tende a explorar e adquirir habilidades. O reforço é uma estratégia comportamental básica, que geralmente produz resultados rápidos para a obtenção de comportamentos-alvo desejáveis. Pode ser implementado de várias formas, como dar alguma coisa (elogio, atenção, algo material), o que seria um reforço positivo, ou tirar ou proibir algo, o que constituiria assim um reforço negativo. Ao elogiar, os pais precisam entender que os reforços verbais devem ser imediatos e isentos de crítica. Se a intenção é recompensar o filho, não tem sentido o reforço vir acompanhado de algum julgamento. O objetivo é incentivar a prática de um comportamento desejável, e não julgar a criança ou adolescente. Isso significa que o que está sendo avaliado é o comportamento, e não o filho. O envolvimento dos pais na formação dos filhos, inclusive no que se refere ao incentivo aos comportamentos desejáveis, requer, ainda, momentos de integração familiar. A criança ou adolescente precisam sentir que os pais gostam da sua presença, se interessam por eles e se preocupam com o seu bem-estar. Sentimentos assim ativam os esquemas funcionais de estima, adequação e competência. Na atualidade, a falta de tempo constitui um problema para a promoção das atividades que integrem a família. Entretanto, essa dificuldade não pode ser uma desculpa para que não sejam realizadas. Cada núcleo familiar deve criar os próprios momentos: um almoço no domingo, uma conversa na hora de dormir, um fim de semana juntos. A regra aqui não é a quantidade do tempo que se passa juntos e, sim, a qualidade desses momentos. O ideal em uma relação entre pais e filhos seria conseguir estabelecer padrões de comportamentos desejáveis a partir apenas dos reforços positivos ou negativos. Entretanto, no dia a dia, há momentos em que não cabe alternativa senão a de ordenar e se fazer obedecer. Os pais devem ter a certeza de que as regras expostas para os filhos estão claras e, portanto, não são arbitrárias. Os filhos precisam identificar os limites, o que se pode ou não fazer. A figura da autoridade é fundamental para fazer com que as regras e limites sejam incorporados, especialmente entre os 6 e os 10 anos de idade, período em que as crianças desenvolvem a moral (incluindo noções de valores ligados à ética, à ideia do certo e do errado, do verdadeiro e do falso). Independentemente do tipo de castigo, existem cinco passos que devem ser seguidos para efetuar corretamente uma punição. O primeiro é identificar o erro cometido, pois os pais precisam saber exatamente em que se atrapalharam. O seguinte passo é deixar claro que tipo de sentimento esse comportamento gerou no pai; depois sugerir uma ou mais alternativas de resolução para o comportamento; indicar claramente a punição que será aplicada; e, por último, deixar expressa a expectativa que se tem em relação a comportamentos futuros desejáveis.

(Fonte: Estado de Minas, 15/12/2009 - Belo Horizonte MG - Patrícia Ragone Quaresma - Psicóloga especialista em terapia cognitiva.)
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