Dar ordens, aplicar uma punição, definir limites, estimular atitudes positivas, enfim, ser pai comporta uma infinidade de ações que, muitas vezes, são realizadas sem que se percebam seus impactos na formação dos filhos. Tomar decisões no momento de educar a criança ou o adolescente não é processo fácil, principalmente quando se trata de recompensar ou punir os filhos. Quando se pensa em comportamentos, a primeira coisa que passa pela cabeça de muitos pais é a palavra disciplina. Como fazer com que os filhos ajam de uma maneira e não de outra? Para a maioria, a resposta seria impor limites, que, se ultrapassados, precisariam ser novamente impostos por meio de punição. O que se ignora, nesses casos, é o poder do reforço. Por que na mesma família a criança que não organiza o quarto exige mais cuidado do que aquela que o faz? Por que o adolescente pouco estudioso merece maior atenção do que o dedicado aos estudos? Assim como em qualquer outro âmbito social, no familiar, as pessoas em geral apresentam maior facilidade para identificar os pontos negativos do que os positivos e se restringem à tentativa de corrigir as falhas comportamentais por meio de castigos. O desafio consiste em treinar o olhar dos pais para enxergar, inicialmente, as qualidades e os comportamentos desejáveis dos filhos. Amor, afeto e entusiasmo devem ser oferecidos incondicionalmente. Quanto maior o amor, mais positiva a atmosfera e mais segura a criança; e, quanto mais segura, mais tende a explorar e adquirir habilidades. O reforço é uma estratégia comportamental básica, que geralmente produz resultados rápidos para a obtenção de comportamentos-alvo desejáveis. Pode ser implementado de várias formas, como dar alguma coisa (elogio, atenção, algo material), o que seria um reforço positivo, ou tirar ou proibir algo, o que constituiria assim um reforço negativo. Ao elogiar, os pais precisam entender que os reforços verbais devem ser imediatos e isentos de crítica. Se a intenção é recompensar o filho, não tem sentido o reforço vir acompanhado de algum julgamento. O objetivo é incentivar a prática de um comportamento desejável, e não julgar a criança ou adolescente. Isso significa que o que está sendo avaliado é o comportamento, e não o filho. O envolvimento dos pais na formação dos filhos, inclusive no que se refere ao incentivo aos comportamentos desejáveis, requer, ainda, momentos de integração familiar. A criança ou adolescente precisam sentir que os pais gostam da sua presença, se interessam por eles e se preocupam com o seu bem-estar. Sentimentos assim ativam os esquemas funcionais de estima, adequação e competência. Na atualidade, a falta de tempo constitui um problema para a promoção das atividades que integrem a família. Entretanto, essa dificuldade não pode ser uma desculpa para que não sejam realizadas. Cada núcleo familiar deve criar os próprios momentos: um almoço no domingo, uma conversa na hora de dormir, um fim de semana juntos. A regra aqui não é a quantidade do tempo que se passa juntos e, sim, a qualidade desses momentos. O ideal em uma relação entre pais e filhos seria conseguir estabelecer padrões de comportamentos desejáveis a partir apenas dos reforços positivos ou negativos. Entretanto, no dia a dia, há momentos em que não cabe alternativa senão a de ordenar e se fazer obedecer. Os pais devem ter a certeza de que as regras expostas para os filhos estão claras e, portanto, não são arbitrárias. Os filhos precisam identificar os limites, o que se pode ou não fazer. A figura da autoridade é fundamental para fazer com que as regras e limites sejam incorporados, especialmente entre os 6 e os 10 anos de idade, período em que as crianças desenvolvem a moral (incluindo noções de valores ligados à ética, à ideia do certo e do errado, do verdadeiro e do falso). Independentemente do tipo de castigo, existem cinco passos que devem ser seguidos para efetuar corretamente uma punição. O primeiro é identificar o erro cometido, pois os pais precisam saber exatamente em que se atrapalharam. O seguinte passo é deixar claro que tipo de sentimento esse comportamento gerou no pai; depois sugerir uma ou mais alternativas de resolução para o comportamento; indicar claramente a punição que será aplicada; e, por último, deixar expressa a expectativa que se tem em relação a comportamentos futuros desejáveis.
(Fonte: Estado de Minas, 15/12/2009 - Belo Horizonte MG - Patrícia Ragone Quaresma - Psicóloga especialista em terapia cognitiva.)
(Fonte: Estado de Minas, 15/12/2009 - Belo Horizonte MG - Patrícia Ragone Quaresma - Psicóloga especialista em terapia cognitiva.)
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