Os altos índices de analfabetismo funcional evidenciam que os jovens têm saído das escolas sem saber o essencial para a vida em sociedade em plena era do conhecimento: ler e escrever com facilidade. Que fatores influenciam para que os estudantes brasileiros estudem, mas não aprendam? O que podemos fazer para reverter o atual quadro de calamidade educacional? O Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf) – divulgado recentemente pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM), vinculado ao Ibope – é taxativo: 15% da população brasileira com idade entre 15 e 24 anos é considerada analfabeta funcional. Isso quer dizer que são alfabetizados em um nível rudimentar. Até conseguem ler textos curtos, como bilhetes e pequenas cartas, e lidar com números em operações simples, como o manuseio de dinheiro. No entanto, não conseguiriam compreender o meu texto neste jornal, por exemplo. Infelizmente, não somente o alto índice de analfabetos é preocupante. Não é nada satisfatório constatarmos que apenas um terço da população jovem está no patamar ideal de aprendizado. Essa inaptidão condenará não só o futuro profissional desses jovens num Brasil onde o mercado de trabalho exige, cada vez mais, mão-de-obra extremamente qualificada. Está em jogo o desenvolvimento do próprio País. Especialistas apontam como causa para o alto grau de analfabetismo funcional no Brasil a falta de capacitação dos professores e de infraestrutura adequada nas escolas públicas brasileiras. Para piorar, há a falta de interesse dos estudantes, sem perspectiva em meio a um ensino nada estimulante. Para reverter esse caos educacional, é preciso engajamento de todos. Os pais são vitais nesse processo, com o acompanhamento da vida escolar de seus filhos. Professores também são fundamentais na busca de um ensino público de qualidade, ao contribuir com boas doses de criatividade e boa vontade na busca de novas formas de ensinar num ambiente de adversidade, apesar de ainda não serem valorizados. Alunos, por sua vez, devem ter consciência de que é o futuro deles que está em jogo e que, ao mesmo tempo, é direito e dever deles exigir e lutar por um ensino público de qualidade. Se nossos jovens hoje são analfabetos funcionais é porque, por vários anos, governos foram “analfabetos educacionais”. Mas se os cidadãos tiverem a consciência de que educação não é responsabilidade apenas dos gestores, haverá uma demanda a ser cumprida pelo poder público. Só assim, poderemos caminhar rumo ao conhecimento.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Escola Pública Terá Seleção exclusiva em Olimpíada
Para promover o estudo de física entre os estudantes de escolas públicas, os organizadores da tradicional Olimpíada Brasileira de Física (OBF) decidiram criar uma etapa diferenciada na competição, assim como já ocorre nas olimpíadas de matemática. A proposta pretende estimular a participação dos alunos da rede pública. Por enquanto, poderão participar dessa etapa específica os estudantes do 9° ano do ensino fundamental até o ensino médio que participaram da 2ª fase da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) dos estados da Bahia, Goiás, Piauí e São Paulo. O projeto piloto terá como tema a Copa do Mundo de Futebol. Os interessados
em se inscrever no evento, cuja disputa é o conhecimento, devem pedir para que as escolas se cadastrem na Obfep 2010, pelo site www.obfep.org.br. A escola precisa designar um professor ou representante, que será responsável pela aplicação das provas entre os alunos. Os colégios têm de inscrever os alunos até 20 de maio. Só haverá uma fase de avaliação. Os testes serão aplicados no dia 16 de junho. Em outubro, a organização da Obfep fará um concurso entre os estudantes para escolher a logomarca do evento em 2011. Na edição do ano que vem, a expectativa é a de que as escolas públicas de todos os estados participem do evento. Euclydes Marega Junior, professor de física do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) e coordenor das olimpíadas, acredita que a competição aproxima a universidade da escola e estimula os jovens a estudar a disciplina. Para ele, a Obfep motivará professores e alunos da rede pública. “A nossa ideia é massificar o evento. Muitas vezes, o aluno gosta da disciplina e até gostaria de participar de uma competição assim, mas não tem oportunidade. Queremos promover essa experiência”, afirma.
em se inscrever no evento, cuja disputa é o conhecimento, devem pedir para que as escolas se cadastrem na Obfep 2010, pelo site www.obfep.org.br. A escola precisa designar um professor ou representante, que será responsável pela aplicação das provas entre os alunos. Os colégios têm de inscrever os alunos até 20 de maio. Só haverá uma fase de avaliação. Os testes serão aplicados no dia 16 de junho. Em outubro, a organização da Obfep fará um concurso entre os estudantes para escolher a logomarca do evento em 2011. Na edição do ano que vem, a expectativa é a de que as escolas públicas de todos os estados participem do evento. Euclydes Marega Junior, professor de física do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) e coordenor das olimpíadas, acredita que a competição aproxima a universidade da escola e estimula os jovens a estudar a disciplina. Para ele, a Obfep motivará professores e alunos da rede pública. “A nossa ideia é massificar o evento. Muitas vezes, o aluno gosta da disciplina e até gostaria de participar de uma competição assim, mas não tem oportunidade. Queremos promover essa experiência”, afirma.
Educação de Jovens e Adultos: As Dificuldades Enfrentadas para a Inclusão no Sistema de Ensino
Em um país com 14 milhões de analfabetos e 40 milhões de analfabetos funcionais, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) pode se transformar em um importante programa de inclusão social. Definida como modalidade de ensino na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) em 1996, a educação voltada para o público adulto ainda se estrutura e, por isso mesmo, é alvo de divergências conceituais. "Sabemos que escolas incapazes de lidar com problemas de desenvolvimento de alguns de seus alunos os ‘empurram’ para os cursos de EJA como quem quer se livrar de problemas que não consegue resolver. Isso é errado e não pode ser admitido", destaca César Callegari, presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE). O educador completa. "Entre os direitos e necessidades de jovens adolescentes, está o de conviver com outros jovens de sua idade. Não é porque sua forma de se expressar e aprender foge ao padrão considerado ‘normal’ que a escola tem o direito de decidir que ele deve ser retirado da sociabilização que ocorre em idade própria e submetido a um ambiente adulto composto por outros valores, outras atitudes e outras perspectivas". No início do mês, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou o parecer do projeto de resolução (que vai virar Resolução tão logo seja homologado) que determina a idade mínima para exames de EJA e para a matricula em cursos de EJA como 15 anos para o ensino fundamental e 18 anos para o ensino médio. De acordo com o professor César Callegari, a LDB define 15 e 18 anos como idades mínimas para exames de EJA, mas não é clara quanto às idades mínimas para frequência aos cursos de EJA. "Lamentavelmente no Brasil, há jovens de 14 e 15 anos que deveriam estar frequentando o ensino fundamental regular mas que foram colocados em cursos de EJA. Nosso parecer e futura resolução vão coibir essa prática ao estabelecer que os cursos só poderão ser frequentados por jovens com 15 anos ou mais no fundamental e 18 anos ou mais no ensino médio. Acredito que o parecer será rapidamente homologado pelo MEC porque, em sua elaboração, mantivemos estreita interlocução com o ministério e não há mais qualquer aresta", observa o educador. Salientando a importância do assunto, César Callegari defende uma mudança de olhar em relação à EJA. "Um bom programa de EJA pode se transformar no mais importante programa de inclusão social por meio da educação. O Brasil tem 14 milhões de analfabetos e 40 milhões de analfabetos funcionais. É para eles que devem ser estruturados e oferecidos programas de EJA que os respeite, reconheça os seus saberes", acrescenta. Nesse sentido, o presidente da Câmara de Educação Básica do CNE observa que tais programas devem ser desenvolvidos por professores preparados para essa modalidade educacional e para esse público — e não por professores alfabetizadores de crianças, como hoje normalmente ocorre — e contando com material didático e tecnologias apropriadas para essa faixa etária. "O uso do computador, da internet, da educação a distância, podem representar boas oportunidades de atender a esses brasileiros", assinala o professor. O presidente da Câmara de Educação Básica do CNE frisa, ainda, que no Brasil existem 1.800.000 jovens entre 15 e 17 anos que não frequentam escola. Desses, 1.300.000 tinham três ou mais anos de defasagem idade/série quando deixaram de estudar. "Para eles, bons programas de EJA são necessários e constituem a única alternativa para a retomada de seu percurso educacional. Inclusive com possibilidades de início de profissionalização", conclui o docente. Além da alfabetização - Professora do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e professora do mestrado de Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Eliane Ribeiro de Andrade afirma que a educação deve ser encarada como um direito do cidadão, qualquer que seja a sua idade e, para tanto, é necessário mudar o olhar sobre a EJA. "A LDB traz um artigo voltado para a EJA, que passa a ser vista como uma modalidade educativa, um modo de fazer educação diferenciado. Isso significa que é possível flexibilizar currículos, trazendo possibilidades presenciais e não-presenciais. Na EJA é preciso olhar o sujeito. Numa comunidade de pescadores, por exemplo, que passam 15 dias no mar, o ensino deve ser diferenciado", declara a professora da Uerj. Apesar dos avanços registrados nos últimos anos, Eliane Ribeiro acredita que ainda existe preconceito da sociedade com relação à EJA. "Sem dúvida nenhuma ainda há preconceito. A sociedade ainda não incorporou a educação como um direito que pode ser exercido ao longo de toda a vida. Os alunos de EJA sentem-se culpados por sua trajetória escolar. Não têm consciência de que é toda a sua situação de vida que os leva a deixar de estudar", pondera a professora da UniRio. Além disso, ressalta a educadora, a alfabetização deve ser apenas o primeiro passo para um processo de escolarização. "Antigamente, havia essa visão que a educação de adultos devia se restringir a ensinar a ler, escrever e contar. Conseguimos ampliar esse conceito. Acreditamos que a educação deve ser exercida ao longo da vida e qualquer um tem o direito de estudar a qualquer momento. Por isso, nosso desafio é trabalhar de forma integrada o sistema de ensino. A alfabetização se consolida através de um tempo maior de escolarização", completa a docente, lembrando que os programas de EJA procuram vir atrelados a programas de qualificação profissional e da área de saúde.Capacitação e material didático - Ao lado de pesquisas de tecnologia de ponta, as salas do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia, a Coppe/UFRJ, abrigam cursos de alfabetização. Vários servidores técnico-administrativos da UFRJ, efetivos e terceirizados, que convivem com doutores, pesquisadores e cientistas frenquentam os de EJA do Projeto Letramento da Coppe, criado em 2005. O projeto é desenvolvido no local de trabalho dos estudantes, com duas horas diárias de aula. Os alunos recebem todo o material pedagógico e participam de atividades culturais e de inclusão digital. Com o objetivo de alfabetizar e/ou incentivar a continuidade aos estudos de jovens e adultos que não o fizeram em idade regular, esse projeto facilita o acesso e oportuniza a finalização das primeiras etapas da educação básica. Atualmente, 22 alunos frequentam as duas turmas de alfabetização e letramento em andamento. Professora do Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a professora Marisa Leal coordena o Curso de Especialização em Ensino de Matemática do IM/UFRJ e também o Grupo de Trabalho EJA (GT-EJA), vinculado ao Projeto Fundão do IM/UFRJ. Além disso, Marisa Leal é colaboradora na área de Matemática do Projeto Letramento de Jovens e Adultos da UFRJ. A educadora destaca a importância da formação de professores para o trabalho com EJA. "O que no nosso entender está faltando para que todos os esforços envidados alcancem os objetivos propostos é uma ação conjunta dos fóruns de EJA, das Secretarias Municipais e Estaduais de Educação e do MEC, visando à formação inicial e continuada de professores no campo da EJA", explica a docente. Outra necessidade da EJA, alerta a professora do IM/UFRJ, é a produção de material didático voltado para o público adulto. "O caminho percorrido pela equipe que compõe o GT-EJA tem como eixo norteador o diálogo entre o ensino, a pesquisa e a extensão. Nos reunimos semanalmente para estudos teóricos e elaboração de material didático para o ensino de Matemática na EJA", observa. Marisa Leal informa, ainda, que uma das ações mais recentes do MEC, através da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) em relação à EJA foi a inclusão desta modalidade de ensino no Programa de Distribuição de Livro Didático -PNLA. "Já foram escolhidos, pelos professores de alfabetização de jovens e adultos, os livros de Leitura e Escrita. No segundo semestre deste ano os professores dos demais anos escolares farão a escolha dos livros. Esta ação mostra um dos grandes avanços da EJA. Outro fato positivo é a Conferência Internacional de Educação de Adultos, onde são discutidas as questões trazidas pelos fóruns. Mesmo com as dificuldades, percebemos que o campo da EJA tem se mostrado promissor na superação do analfabetismo e da baixa escolaridade em nosso país", finaliza a educadora.
Rio tem mais de 700 mil analfabetos
Concentrados nas regiões Norte e Noroeste do estado, o Rio de Janeiro ainda tem 715.012 analfabetos. Para enfrentar esse problema a Secretaria Estadual de Educação (SEE) oferece Educação de Jovens e Adultos (EJA) em 622 escolas. Desse total, 325 oferecem ensino na modalidade de EJA, uma atribuição da esfera estadual. Mesmo assim, 238 escolas têm vagas para o primeiro segmento do ensino fundamental e 504 para o segundo segmento. Superintendente pedagógica da SEE, Maria Lúcia Castello Branco informa que a rede estadual atende 17.525 alunos no primeiro segmento do ensino fundamental, 88.801 no segundo segmento e 87.509 no ensino médio. "A Secretaria oferece cursos para EJA presenciais e semipresenciais, atendendo todo o estado", explica Maria Lúcia Castello Branco, salientando a presença dos cursos semipresenciais em diversas comunidades, como Vila Paciência, Babilônia/Chapéu Mangueira, Jacarezinho, Rocinha e Cidade de Deus. Além disso, há 41.285 alunos matriculados na alfabetização e atendidos pelo Programa Brasil Alfabetizado. Outra iniciativa nesse sentido é o Projeto Autonomia, voltado para atender distorção de idade e série. "A oferta de EJA no estado procura sempre atender conforme a demanda local. Hoje, a maior procura concentra-se em autorizar mais escolas para o ensino médio. O maior desafio para a EJA é a implementação de mais cursos de atualização e capacitação para os professores. Em 2010, a Secretaria de Educação estará desenvolvendo esse trabalho", completa Maria Lúcia. Histórico - Para alguns estudiosos, a instrução de adultos no Brasil começou com a atuação dos padres jesuítas. Contudo, ao logo de vários séculos, não houve uma sistematização do ensino no Brasil. Porém, o reconhecimento oficial do Estado da necessidade de oferecer educação para quem não teve acesso à educação regular surgiu somente em 1945. Com a aprovação do Decreto nº19.513, de 25 de agosto deste ano, a Educação de Adultos torna-se oficial. Desde então, vários foram os programas para escolarização de adultos. Alguns se tornaram famosos, como a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (1947); o Movimento de Educação de Base, sistema rádio educativo criado na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil com o apoio do Governo Federal (1961); além dos Centros Populares de Cultura (1963), Movimento de Cultura Popular e a campanha "De pé no chão também se aprende a ler". Em muitas destas iniciativas destaca-se a influência do pensamento e dos métodos de alfabetização criados por Paulo Freire, que acabaram tornando-se referência mundial. Entretanto, em 1967, o Governo Federal criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) que, a partir de 1985, passou a se chamar Fundação Educar. Criada em 1971, a LDB 5.692/71 contemplava o caráter supletivo da EJA, excluindo as demais modalidades. Por fim, com a LDB nº 9394/96, art.37 e art.38, o poder público passa a contemplar as várias modalidades de educação de jovens e adultos e uma melhor adequação as novas exigências sociais. Dedicado a esta modalidade, o capítulo 7 da LDB defende o uso de didática apropriada às características dos alunos, condições de vida e trabalho, incentivando a aplicação de projetos especiais.
Rio tem mais de 700 mil analfabetos
Concentrados nas regiões Norte e Noroeste do estado, o Rio de Janeiro ainda tem 715.012 analfabetos. Para enfrentar esse problema a Secretaria Estadual de Educação (SEE) oferece Educação de Jovens e Adultos (EJA) em 622 escolas. Desse total, 325 oferecem ensino na modalidade de EJA, uma atribuição da esfera estadual. Mesmo assim, 238 escolas têm vagas para o primeiro segmento do ensino fundamental e 504 para o segundo segmento. Superintendente pedagógica da SEE, Maria Lúcia Castello Branco informa que a rede estadual atende 17.525 alunos no primeiro segmento do ensino fundamental, 88.801 no segundo segmento e 87.509 no ensino médio. "A Secretaria oferece cursos para EJA presenciais e semipresenciais, atendendo todo o estado", explica Maria Lúcia Castello Branco, salientando a presença dos cursos semipresenciais em diversas comunidades, como Vila Paciência, Babilônia/Chapéu Mangueira, Jacarezinho, Rocinha e Cidade de Deus. Além disso, há 41.285 alunos matriculados na alfabetização e atendidos pelo Programa Brasil Alfabetizado. Outra iniciativa nesse sentido é o Projeto Autonomia, voltado para atender distorção de idade e série. "A oferta de EJA no estado procura sempre atender conforme a demanda local. Hoje, a maior procura concentra-se em autorizar mais escolas para o ensino médio. O maior desafio para a EJA é a implementação de mais cursos de atualização e capacitação para os professores. Em 2010, a Secretaria de Educação estará desenvolvendo esse trabalho", completa Maria Lúcia. Histórico - Para alguns estudiosos, a instrução de adultos no Brasil começou com a atuação dos padres jesuítas. Contudo, ao logo de vários séculos, não houve uma sistematização do ensino no Brasil. Porém, o reconhecimento oficial do Estado da necessidade de oferecer educação para quem não teve acesso à educação regular surgiu somente em 1945. Com a aprovação do Decreto nº19.513, de 25 de agosto deste ano, a Educação de Adultos torna-se oficial. Desde então, vários foram os programas para escolarização de adultos. Alguns se tornaram famosos, como a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (1947); o Movimento de Educação de Base, sistema rádio educativo criado na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil com o apoio do Governo Federal (1961); além dos Centros Populares de Cultura (1963), Movimento de Cultura Popular e a campanha "De pé no chão também se aprende a ler". Em muitas destas iniciativas destaca-se a influência do pensamento e dos métodos de alfabetização criados por Paulo Freire, que acabaram tornando-se referência mundial. Entretanto, em 1967, o Governo Federal criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) que, a partir de 1985, passou a se chamar Fundação Educar. Criada em 1971, a LDB 5.692/71 contemplava o caráter supletivo da EJA, excluindo as demais modalidades. Por fim, com a LDB nº 9394/96, art.37 e art.38, o poder público passa a contemplar as várias modalidades de educação de jovens e adultos e uma melhor adequação as novas exigências sociais. Dedicado a esta modalidade, o capítulo 7 da LDB defende o uso de didática apropriada às características dos alunos, condições de vida e trabalho, incentivando a aplicação de projetos especiais.
Na Rede Pública, Tecnologia Atende 24 Milhões de Alunos
As tecnologias na educação estão acessíveis a 24,8 milhões de estudantes das escolas públicas brasileiras. O número, que corresponde ao total de alunos atendidos pelo Programa Banda Larga nas Escolas, do Ministério da Educação, foi anunciado nesta terça-feira, 27, durante a conferência O Impacto das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na Educação. O encontro, promovido pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), será encerrado nesta quarta-feira, 28. No seminário de abertura, o secretário de educação a distância do Ministério da Educação, Carlos Eduardo Bielschowsky, destacou a importância de uma reflexão no momento em que o país tem investido em TICs nas escolas públicas. “Não basta dar a infraestutura. É necessário capacitar o corpo docente e oferecer conteúdos a serem trabalhados em sala de aula”, disse. Em 2009, 332 mil professores foram capacitados para trabalhar com as tecnologias em sala de aula. Até o fim deste ano, 303 mil terão participado de cursos de formação. Em outro programa, o Aluno Integrado, 75 mil estudantes acima de 15 anos serão formados para atuar como monitores nos laboratórios de informática das escolas. Bielschowsky destacou ainda o número de estudantes atendidos pelo Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo Integrado), que atende 18,4 milhões de estudantes de escolas públicas em todo país e deve chegar aos 30 milhões até o fim do ano. O secretário apresentou os programas do Ministério da Educação que levam a tecnologia à sala de aula, como o ProInfo Integrado, o Banda Larga nas Escolas, o Banco Internacional de Objetos Educacionais, o Domínio Público, o Projetor ProInfo e Um Computador por Aluno (UCA). Para o representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny, a capacitação de professores é fundamental no processo de introdução das TICs na educação. “É preciso transformar a sociedade da educação em sociedade do conhecimento”, ressaltou. “Há a necessidade de envolver estudantes gestores e também a família e a sociedade, que são parte da comunidade escolar.”
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Cobertura de Banda Larga Chegará a 92% das Escolas Brasileiras em 2010, Afirma Secretário do MEC
O secretário de Educação à Distância do Ministério da Educação (MEC), Carlos Bielshowsky, disse que até o final deste ano 92% das escolas brasileiras terão acesso à internet. Ele apresentou as ações do governo brasileiro para promover o acesso à inclusão digital e a capacitação de professores na área de tecnologia durante a Conferência Internacional – O Impacto das Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação. “Fizemos um acordo com as operadoras de banda larga e até o final do ano 92% das escolas brasileiras terão acesso à internet, isto significa a inclusão digital de cerca de 35 milhões estudantes”, afirma Bielshowsky. Segundo o secretário, o trabalho desenvolvido pelo MEC busca a “alfabetização digital” de professores e alunos, além de estimular a autonomia dos estudantes na formação do conhecimento através dos laboratórios de informática e de promover novas estratégias pedagógicas com o uso de conteúdos digitais na sala de aula. “Queremos tornar a sala de aula menos aborrecida, mais atraente. Até o momento, implantamos laboratórios em 42.688 instituições, mas é idiotice fazer isso sem capacitar o professor e é isto que estamos fazendo. Em 2009 capacitamos 332.184 professores e faremos mais este ano”, destaca.
A segunda concorrência
A aprovação nos vestibulares é uma final de Copa do Mundo para quem passa um ano (às vezes até mais) se preparando para as provas. Mas para quem conquista uma vaga em uma universidade que cobra mensalidade, a batalha pode estar recém começando. Concorrer a uma bolsa de estudos não é tarefa das mais simples. Basicamente são dois caminhos a seguir: o Artigo 170 e o Programa Universidade Para Todos (ProUni), do governo federal. Ambos muito concorridos. A Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), a maior instituição deste gênero do Estado, recebeu 1.650 inscrições no primeiro semestre deste ano. Destes, 648 estudantes foram pré-selecionados. – Ao final do processo, 400 alunos receberam a bolsa de 50% do valor da mensalidade – explica Maria Cirlene Pereira Schlickmann, gerente do Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico (Saiac). Como as bolsas sempre são concedidas alguns meses depois da matrícula, é bom o estudante estar preparado nesse período. É preciso “apertar” o cinto em tudo que for possível, reunir as últimas economias do cofrinho para pagar uma ou outra mensalidade até que o benefício finalmente seja liberado. Mas não esqueça: força nos estudos porque sem passar no vestibular não tem bolsa para ninguém. As bolsas - Artigo 170 - Concedida pelo governo do Estado a estudantes, comprovadamente, de baixa renda. As bolsas geralmente são de 50% do valor da mensalidade. Bolsas de 100% vão para estudantes portadores de doenças crônicas ou deficientes físicos. A renovação do benefício é semestral. - Para participar: - O primeiro passo é passar no vestibular e se matricular no curso - Procurar a secretaria da universidade para a qual foi aprovado e fazer um cadastro - A equipe de serviço social de cada universidade é que vai fazer uma análise da situação de cada aluno para determinar quem precisa mais do auxílio. O processo envolve até visitas às casas dos candidatos - O número de bolsas é concedido de acordo com o número de alunos da instituição Programa Universidade para Todos (Prouni) - São bolsas parciais ou integrais concedidas pelo governo federal. O benefício é distribuído de acordo com a pontuação do aluno no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O candidato também precisa preencher pré-requisitos de renda familiar e ter feito o ensino médio em escola pública ou com bolsa. - Para participar: - Primeiro passo é ter uma boa nota no Enem, mínimo 400 pontos - Preencher a exigência de ter cursado o ensino Médio em escola pública ou em escola particular, mas com o benefício de bolsa e os critérios de renda familiar - Fazer a inscrição no site do ProUni - Os classificados poderão optar entre cinco universidades - Escolhida a instituição, o aluno deve comparecer à secretaria com a lista de documentos em mãos para ganhar o benefício. Universidades do sistema acafe - O sistema Acafe é reúne a maior parte das universidades que cobram mensalidades em Santa Catarina. Cada uma tem suas próprias normas em relação à concessão de bolsas. Algumas têm um sistema próprio em que concedem bolsas a alunos carentes. Informe-se naquela de seu interesse.
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A segunda concorrência
É Com o Enem que se Chega lá
Joari dos Santos Gomes, 22 anos, morava em Santa Rosa do Sul, no extremo-sul catarinense, quando decidiu fazer vestibular na Unisul, em Tubarão. A vontade de sair da pequena cidade era a possibilidade de encontrar fora dali um mercado mais amplo depois de formado. Tudo certo para o futuro historiador, só faltava um detalhe: dinheiro para as mensalidades. As bolsas de estudo foram um caminho óbvio para ele, que se candidatou ao Programa Universidade para Todos (ProUni), do governo federal. Joari ganhou uma bolsa integral até o fim da graduação. A dificuldade que ele teria para pagar a mensalidade do ensino superior seria a mesma para custear bons cursinhos de pré-vestibular. E quem pensa que Joari escapou de ralar nos estudos está muito enganado. Para ganhar a bolsa, ele teve de caprichar no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). – A nota final do Enem é que vai ser a referência para quem quiser ganhar a bolsa. Tem de ficar de olho em temas gerais que são comentados atualmente no Brasil e no mundo, pois estas são as questões que costuma cair na prova do Enem – explica o bolsista. Hoje, com os R$ 375 mensais garantidos até a formatura, ele tem mais tempo para se dedicar à faculdade. – No final do ano isso dá uma pequena fortuna. A bolsa realmente é muito valiosa para quem quer estudar em uma universidade e ter um bom futuro profissional – avalia.
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É com o Enem que se chega lá
Suspense a Cada Semestre
Destinada aos universitário de baixa renda, a bolsa do artigo 170 era o empurrão que faltava para que Eusilene Shirlei Corrêa, 24 anos, pudesse realizar o sonho de se tornar psicóloga. Ela ingressou na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul)de Tubarão, em 2008 e, assim que fez a matrícula, se inscreveu para ganhar uma bolsa. O artigo 170 tem como referência principal a condição social do interessado. O importante é não desanimar. – A dica é se inscrever assim que fizer a matrícula. Depois é só esperar pelas entrevistas. Geralmente alguns meses depois sai o resultado. Se tudo der certo, o valor pago até então é retroativo ao próximo período – explica. Eusilene conseguiu uma bolsa de 50% do valor da mensalidade. Como trabalha em uma secretaria interna da universidade, consegue diminuir ainda mais o valor a ser pago por semestre. Eusilene teve sorte: desde que entrou na Unisul conseguiu renovação da bolsa em todos semestres, mas sabe que ainda há muito a ser feito: – São 11 semestres. Só posso torcer pelas renovações até o final do curso.
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Suspense a cada semestre
Na Particular e Sem Grana
Em ano de vestibular, o objeto do desejo é uma vaga na universidade pública. Mas para estudar de graça, é preciso enfrentar uma concorrência cruel. Não há vagas para todos. Muita calma nesta hora. Não ter grana não quer dizer não ter estudo. Para quem não consegue uma vaga ou simplesmente não encontra o curso que deseja em uma faculdade gratuita, as bolsas de estudo são a esperança de conseguir o tão sonhado canudo. Joari e Eusilene que o digam.
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Uso do Enem no Vestibular da UFRJ Gera Debandada em Faculdades do Rio
O cancelamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em outubro, após o vazamento da prova, continua causando transtornos. Milhares de alunos que utilizaram a nota do Enem como primeira fase do vestibular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram que foram aprovados apenas no início de abril, quando já frequentavam as aulas em outras universidades que haviam escolhido como segunda opção. O resultado foi um processo em efeito cascata: além de a UFRJ ter atrasado em um mês e meio o início do ano letivo, esses novos alunos abandonaram o curso que faziam em outras instituições, esvaziando turmas inteiras. De quebra, o resultado tardio do vestibular da UFRJ para os candidatos que utilizaram a nota do Enem obrigou as instituições que perderam esses alunos a abrir novas listas de aprovados, também com atraso. Só a Universidade Federal Fluminense (UFF), considerada a segunda opção da maioria dos vestibulandos, convocou 772 candidatos após o resultado da UFRJ. Outros 281 candidatos, que haviam sido aprovados para cursos com início das aulas no segundo semestre ou em outros turnos, foram remanejados. Em alguns cursos, a debandada foi geral. Em listas de discussões nas redes sociais na internet, estudantes relatam que uma das turmas de Economia da UFF ficou com apenas sete alunos. Só o Direito da Fluminense abriu 94 vagas para reclassificados e remanejados em 9 de abril; na semana seguinte havia mais 27 vagas. A Faculdade de Economia reclassificou e remanejou 71 e, depois, mais 16. Em menor escala, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e outras instituições federais e particulares perderam alunos. O estudante Felippe Coimbra, de 21 anos, esperava começar a Faculdade de Economia na UFF no segundo semestre, mas foi surpreendido por um telefonema no último dia 15: deveria se apresentar à faculdade e começar a assistir às aulas na noite seguinte, uma sexta-feira. Ele teve apenas uma aula de macroeconomia, mas fez, na noite de ontem, a primeira prova. A turma, com um mês e meio de aulas, já fez outros três testes da matéria. "A UFRJ é a primeira opção de todo mundo. Instituições como UFF e Uerj fazem muitas reclassificações por causa disso. Mas dessa vez a UFRJ demorou demais para chamar e as aulas já tinham começado há muito tempo. Não passei pelo trote, não conheço as pessoas da minha turma, não tenho nem para quem pedir a matéria", contou Coimbra. O coordenador-geral do Vestibular da UFF, Neliton Ventura, explica que esse movimento de alunos já era esperado. "Neste ano o transtorno foi maior porque aconteceu com as aulas já iniciadas. Isso ocorreu por um fato alheio à vontade de todos, inclusive da UFRJ. Todos os coordenadores de curso foram avisados de que receberiam novos alunos e cada coordenação vai adotar procedimentos para minimizar os problemas para os estudantes. Mas seria um crime ficarmos com vagas ociosas", afirmou. Troca-troca. Na Uerj, a evasão atingiu com mais força os cursos de Medicina e História - foram chamados 18 e 25 candidatos, respectivamente em uma "reclassificação especial". Os alunos haviam perdido 29 dias de aulas. Já a UniRio, prevendo o troca-troca, marcou o início do ano letivo para 29 de março. Os últimos alunos ingressaram no dia 16, mas perderam apenas uma semana de aula - a primeira foi dedicada ao "acolhimento". Em alguns casos, o prejuízo foi financeiro. A família de Ana Carolina Maio Veiga, de 20 anos, pagou cerca de R$ 3,6 mil entre pré-matrícula e mensalidades da Pontifícia Universidade Católica, para que a jovem estudasse Direito. No início do mês, ela foi chamada pela UFRJ. "A PUC não estava nos meus planos. Mas foi uma carta na manga, caso eu não entrasse em nenhuma outra faculdade", conta Ana Carolina. Na UFRJ, ela não teve a primeira semana de aula. "Simplesmente porque só havia dez alunos na sala. Toda a turma estava estudando em outras universidades e as pessoas foram chegando aos poucos. Depois, com as reclassificações, ainda fui chamada pela UFF e UniRio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)."
(Clipping 28.04.2010 O Estado de São Paulo, 27/04/2010 - São Paulo SP Uso do Enem no vestibular da UFRJ gera debandada em faculdades do Rio Avaliação. Resultado tardio do vestibular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1ª opção da maioria dos candidatos, faz com que aprovados abandonem cursos iniciados em outras instituições, esvaziem turmas e abram a vaga que ocupavam com 1 mês de aula Clarissa Thomé)
Diplomas em Xeque
Temido pelos bacharéis em Direito pelo alto índice de reprovação - de quase 60% em 2009 -, o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)ameaça fazer escola. Um projeto de lei já em tramitação no Congresso propõe criar provas semelhantes, obrigatórias para o exercício da profissão, para todas as carreiras. Outro projeto prevê a criação de uma avaliação para os formados em Medicina, a exemplo do que já foi tentado para Contabilidade e Medicina Veterinária. Considerada louvável por parte da sociedade, a ideia de submeter profissionais recém-formados a exames para atestar se eles receberam preparação adequada esbarra em polêmicas que envolvem a liberdade do exercício profissional. Formado em Direito, mas sem a carteira da OAB, Reynaldo Arantes dirige a Ordem dos Acadêmicos e Bacharéis do Brasil, movimento que luta pelo fim do exame e tenta barrar a criação de avaliações similares. "Exame nunca vai ser qualificação", diz Arantes. Para ele, compete ao Ministério da Educação concluir se as instituições de ensino estão aptas a formar os profissionais. "Qualificação só é dada pela educação." Por ser a única prova eliminatória com uma lei que a legitime, o exame da OAB é o maior alvo de Arantes. "O exame é inconstitucional e cria uma reserva de mercado." De acordo com a OAB, há atualmente 692 mil advogados no País. Sem o exame, esse número superaria os 2 milhões. Segundo o presidente nacional da entidade, Ophir Cavalcante, a prova cumpre papel importante contra a proliferação de cursos ruins de Direito. "O problema não é a prova, é o ensino jurídico", diz. "Se tivéssemos milhões de associados, teríamos até um fortalecimento da instituição. Mas nosso compromisso é com a sociedade." Tanto os que criticam como os que apoiam esses exames tomam como argumento o mesmo item da Constituição Federal: o inciso 13, do artigo 5º. Ele assegura que "é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer." Virgílio Afonso da Silva, professor de Direito Constitucional da USP, concorda que a questão pode dar margem a um imbróglio jurídico. "Exigir um exame não é necessariamente uma restrição à liberdade profissional se houver razão para isso." Para ele, é preciso o amparo de uma lei para criar um exame, ainda que sem necessidade de mudar a Constituição. Tentativas. Os Conselhos Federais de Contabilidade e de Medicina Veterinária criaram nos últimos anos provas de proficiência. Conseguiram até a aprovação de leis a respeito, mas elas foram vetadas pela Presidência da República. Entre 2000 e 2005, dos mais de 150 mil formados em Contabilidade que fizeram a prova, cerca de 50% foram reprovados. "O exame é imprescindível. É um forma de dizer que o aluno está pronto", diz o ex-presidente do conselho, José Martonio Coelho. Nas provas de Veterinária, aplicadas entre 2002 e 2005, a reprovação também ficou em torno de 50%. Apesar do projeto de lei que institui a prova obrigatória para médicos, o Conselho Federal de Medicina ainda não chegou a um consenso sobre a exigência do exame, diz o primeiro-secretário da entidade, Desiré Carlos Calegari. "Na graduação médica deveria haver um exame de progressão que bloqueia o aluno ainda na faculdade, e não depois de formado."
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Instituições Aprovadas Pelo MEC Devem Apresentar Planos de Cursos de Formação Continuada
O Ministério da Educação divulgou nesta terça-feira, 27, a relação das 70 instituições públicas de ensino superior que tiveram propostas aprovadas para a abertura de cursos de formação continuada de professores da educação básica, na modalidade presencial. Desse grupo de instituições, 53 são federais (39 universidades, 13 institutos e um Cefet) e 17 estaduais. De acordo com a coordenadora geral de formação de professores da Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC, Helena Costa Lopes Freitas, as instituições vão oferecer cursos em 14 áreas para qualificar profissionais da educação infantil e dos ensinos fundamental e médio. A formação atende também a uma série de especificações pedidas pelos sistemas estaduais e municipais, entre elas, a educação no campo, indígena e nas prisões. Os cursos, que serão abertos a partir de agosto, são para os educadores que fizeram pré-inscrições na Plataforma Freire em 2009 e no início de 2010 e para as solicitações feitas por estados e municípios nos planos de ações articuladas (PAR), em 2007 e 2008. São candidatos à formação, educadores com magistério de nível médio (técnico ou normal), das licenciaturas e da pedagogia. Planos de trabalho - Para receber os recursos públicos, as universidades e institutos precisam apresentar ao MEC planos de trabalho detalhando vagas, formato dos cursos, carga horária, duração. As instituições estaduais têm prazo até dia 14 de maio para enviar os planos e assinar convênios; as federais, que não precisam assinar convênio, podem entregar os planos até julho. Os recursos serão transferidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que é a autarquia do MEC que trata do setor financeiro. Nos dias 4, 5 e 6 de maio, as secretarias de Educação Básica (SEB), Especial (Seesp) e de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) farão reuniões, em Brasília, para tirar dúvidas das instituições. Segundo Helena Freitas, da SEB, as universidades e institutos serão convocados por correio eletrônico, sendo um grupo por dia. As 70 instituições com projetos de formação continuada aceitos pelo MEC passam a integrar a Rede Nacional de Formação de Professores da Educação Básica, criada em 2009. Desde o ano passado, fazem parte da rede as universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS), do Rio de Janeiro (UFRJ), de Pernambuco (UFPE), do Espírito Santo (Ufes), e do Amazonas (Ufam) e as estaduais de Campinas (Unicamp) e de São Paulo (Unesp). A relação das instituições está na Portaria nº 525, publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira, 27, na seção 1, páginas 13 e 14.
Enade Poderá Ser Usado Para Bolsa na Pós-Graduação
Os estudantes que obtiveram, em 2007 e 2008, as melhores notas no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) podem conseguir bolsas de estudos em cursos de pós-graduação stricto sensu - mestrados e doutorados. A portaria normativa foi publicada nesta terça-feira no Diário Oficial da União. A iniciativa possibilita ao aluno se beneficiar do resultado do exame. Como o desempenho no Enade não consta no histórico escolar, muitos universitários entregavam a prova em branco. O Enade (antigo provão) é usado no sistema de avaliação de qualidade das instituições de ensino superior do Ministério da Educação. Os estudantes têm o prazo de um ano para ingressar em programas de pós-graduação oferecidos por essas instituições e reconhecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e devem participar de processo seletivo nas instituições de educação superior. Depois de aprovados, os candidatos às bolsas terão de apresentar cópia do boletim de desempenho do estudante, emitido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). As instituições responsáveis pelos cursos encaminharão o pedido de bolsas ao Inep e à Capes, órgãos ligados ao MEC. A decisão abrange também estudantes já matriculados em cursos de pós-graduação. As bolsas terão duração máxima de 24 meses para os cursos de mestrado e de 48 meses para os de doutorado. Este ano a prova vai avaliar 450 mil estudantes. O exame ocorre no dia 7 de novembro.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Candidatos Questionam Correção da Redação do Enem
Definida a manutenção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como substituto da primeira fase do vestibular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a preocupação de alunos e professores agora é outra. Estão inquietos porque a redação que valerá no processo seletivo é a da avaliação nacional, em vez da prova aplicada pela Comissão do Vestibular (Covest), como ocorreu em 2009. Relatos de vestibulandos que tiraram boas notas, apesar de terem escrito apenas um ou dois parágrafos, põem em xeque a qualidade da correção dos textos avaliados pela equipe contratada pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), da Universidade de Brasília (UnB), responsável pela aplicação do Enem. A dissertação da estudante Cynara Karolina Rodrigues, 18 anos, é um exemplo. Ela só redigiu a introdução. Foram sete linhas, tamanho mínimo exigido para que o texto fosse corrigido. Ao conferir as notas do Enem, a surpresa: 653,4 na redação. “Escrevi às pressas, no final do tempo permitido. Como meu interesse era a UFPE, que não usaria a redação do Enem, optei por me concentrar nas 90 questões das provas de português e matemática”, relata Cynara. “Questiono a real confiabilidade da banca corretora e quais os verdadeiros parâmetros de avaliação. Por mim, a UFPE deveria manter a redação aplicada pela Covest”, diz a vestibulanda, que tentará, pela segunda vez, vaga em medicina. Na UFPE, como levou ponto de corte, ela não teve a redação corrigida. Igualmente concorrente de medicina, Lais Weinstein, 21, também se surpreendeu com a nota na redação do Enem, 875. “Meu texto foi um desastre, um lixo. Escrevi em cinco minutos, sem passar pelo rascunho. Rasurei muito, a letra ficou ilegível e o texto não tinha boa estrutura. Não merecia de jeito nenhum esta nota. Achava que levaria zero”, afirma Lais. A boa nota contribuiu para que conquistasse vaga em medicina na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, no Sertão do Estado, que adotou apenas o Enem como vestibular. Como passou na segunda entrada, ela tem dúvida se vai assumir o curso. Tanto que está matriculada em cursinho pré-vestibular, no Recife, porque pretende tentar novamente medicina na UFPE. “Minha preocupação é que a má correção da redação no Enem me ajudou na Univasf, mas pode me prejudicar na UFPE”, observa Lais. Com exceção do grupo 9, os outros oito grupos do vestibular da UFPE têm redação como disciplina de maior peso na segunda fase da seleção. É um teste decisivo para conquista da vaga. No atual formato de distribuição de pontos, quase um terço da pontuação nessa etapa é obtida com a redação. Para os candidatos do grupo 1 (administração, hotelaria e economia), a nota vale ainda mais, 40% da média final. “A Federal não pode abrir mão da autonomia de aplicar a redação. Na maioria das vezes, sobretudo em cursos concorridos, como medicina, é a nota da redação que define quem passa no vestibular. Com tantos problemas no último Enem, a universidade deveria ter mantido a redação sob sua responsabilidade”, defende a professora Renata Pimentel, que mantem cursinho com a professora Flávia Suassuna. A seriedade da Covest na correção das dissertações é elogiada pelos docentes. Os critérios de correção adotados pelo Cespe também. A queixa, no caso do centro da UnB, é se esses critérios foram realmente aplicados. “Os critérios são interessantes. Teoricamente, parecem ótimos. Mas questiono se, na prática, foram pontuados como deveria. Na Covest, sabemos o que esperar dos corretores. No Cespe, não”, destaca Fernanda Pessoa, também professora de redação de cursinho e dos Colégios Salesiano e Único. A inclusão da nota da redação do Enem no vestibular da UFPE não foi discutida na última reunião do Conselho Universitário, realizada nove dias atrás. O grupo apenas aprovou a manutenção do exame nacional como primeira fase do vestibular. Mas no entendimento do reitor Amaro Lins, como o Enem contempla a redação, devem ser aproveitadas todas as notas. Falta agora definir como será a distribuição dos pontos, porque segundo a pró-reitora acadêmica, Ana Cabral, a nota da redação passará a valer na primeira fase e não mais na segunda. CORREÇÃO - Para ser corretor do Enem, era necessário, segundo o Cespe, ter formação em língua portuguesa e experiência comprovada em sala de aula ou com mestrado e doutorado. O problema foi atrair gente qualificada para a tarefa, diante da baixa remuneração: apenas R$ 1 por texto corrigido (a Covest pagou, ano passado, R$ 3,40 por redação avaliada). O período de trabalho também não ajudou muito: um intervalo de menos de um mês, entre 15 de dezembro do ano passado e 15 de janeiro deste ano (com Natal e Ano Novo no meio). Os professores realizaram a correção online. Recebiam 100 textos por vez. Só chegava um novo envelope quando acabavam o anterior. Na Covest, a correção é presencial, embora os textos sejam digitalizados. Os professores ficam confinados, sem qualquer contato com outras pessoas, durante a correção.(Jornal do Commercio).
Fim de Repasses às Fundações Compromete CT e I
Embora o fim do repasse de recursos públicos para fundações de apoio ligadas às universidades complete um mês nesta segunda-feira, 26 de abril, os processos de gestão das pesquisas desenvolvidas no meio acadêmico ainda permanecem indefinidos. De um lado, as IES (instituições de Ensino Superior) que pretendem ganhar tempo com um novo adiantamento para a aprovação de emendas que favoreçam essas relações. Do outro, o TCU (Tribunal de Contas da União), que já se posicionou contra o subterfúgio, mas que pode estender, pelo segundo ano consecutivo, a validade da medida provisória. O pedido da suposta prorrogação, assinado pelo próprio Ministério de Ciência e Tecnologia, foi encaminhado ao TCU. A solicitação, segundo a assessoria de imprensa do Tribunal, já passou pela avaliação da comissão técnica do órgão - responsável pela emissão de parecer favorável ou contrário ao processo - e foi liberada ao relator do caso, o ministro Aroldo Cedraz, no último dia 22 de abril. Não há, porém, previsão de quando a decisão será divulgada. Historicamente, as parcerias entre IES públicas e fundações de apoio surgiram como alternativa às burocracias que emperram o andamento das pesquisas dentro do campus. Enquanto a academia se responsabiliza exclusivamente pela gestão dos processos práticos, as fundações recebem repasses do Governo Federal e de instituições privadas para agilizar a gestão dos recursos. A prática, no entanto, foi banida pelo TCU sob alegação de que os estudos não estariam vinculados à atividade fim das parceiras. Por trás da decisão pesa também o suposto mau uso das verbas por parte de gestores que podem manejar esses recursos sem amarras de orçamento. O problema, na opinião de Alan Barbiero, presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais), está na interpretação da lei 8.959, de 20 de dezembro de 1994, que ampara a existência das fundações de apoio a pesquisa. A legislação, de acordo com ele, diz que as parcerias podem ser firmadas para desenvolvimento institucional das universidades envolvidas. No entanto, para ele desponta a questão: o que é desenvolvimento institucional? As respostas, continua, são divergentes. "Construir laboratórios e espaços físicos, na visão das universidades, é desenvolvimento institucional. Mas, para o TCU, não", justifica. Foram essas brechas na legislação que justificaram a proibição do intermédio das fundações para repasse de verbas destinadas às pesquisas. Medida que, segundo Mario Neto Borges, presidente da Confap (Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa), atrasará o desenvolvimento da ciência e tecnologia nas universidades, afetando 80% da produção científica brasileira. O retardo nos processos também é evidenciado por Ronaldo Aloise Pilli, pró-reitor de pesquisa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Para ele, sem auxílio das fundações, o setor corre o risco de engessar ainda mais a utilização dos recursos que vêm das agencias federais. "As fundações agilizam a utilização de verbas das universidades destinadas à pesquisa", explica Pilli. Como elas são entidades privadas, não precisam obedecer certas regras. Não há, por exemplo, necessidade de concurso público para contratação de pessoal e de licitação para compras. "Ou seja, a gestão dos recursos pode ser mais prática, atendendo exigências da ciência, que pode ser comprometida pela demora dos processos burocráticos", explica ele. Além da agilidade, Borges acrescenta o melhor aproveitamento dos recursos a partir da parceria com as fundações de apoio. "Os orçamentos públicos são anuais e quando não utilizados no ano fiscal vigente são recolhidos pelo Estado. Com as fundações, os recursos destinados à pesquisa são resguardados", exemplifica ao citar o prejuízo dessa coleta para os projetos científicos e tecnológicos, que não têm cronogramas exatos como a construção de edifícios. As fundações de apoio, segundo o presidente da Confap, isenta os pesquisadores de funções administrativas. "Hoje, as entidades assumem essa responsabilidade que acabaria sobrando aos cientistas, que não são obrigados a saber fazer importações, licitações, tampouco contabilidade", diz Borges. Ele afirma que a dupla atividade pode comprometer a qualidade e a agilidade do desenvolvimento científico. E mais, para Barbiero, as universidades não estão preparadas estrutural e tecnicamente para assumir tais funções administrativas. O impacto maior da proibição do repasse das verbas para as fundações de apoio será sentido em curto prazo. É o que avalia Rafael Lucchesi, diretor de operações da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Ele acredita que a indefinição dos processos mobilizará o desenvolvimento de estratégias e ações mais duradouras. "É preciso pensar, a longo prazo, em um marco regulatório que propicie a utilização mais eficiente dos recursos dentro das universidades públicas", sugere Lucchesi. Porém, de acordo com o presidente da Andifes, quanto mais tempo essa indefinição se prolongar, maiores serão os prejuízos. "Boa parte dos recursos que vinham de fundos setoriais e emendas parlamentares vinculados às agências de fomento pode ser comprometida até uma resposta mais adequada", garante. Ele afirma ainda que a demora excessiva compromete a execução dos recursos e, consequentemente, o desenvolvimento das pesquisas. Muitas agências, de acordo com Barbiero, aguardam a decisão do TCU para a publicação de editais.
Flexibilidade x corrupção
Mas da mesma forma em que o subterfúgio à legislação brasileira pode ser recorrido em benefício ao desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, ele também pode propiciar o uso indevido dos recursos públicos. Vulnerabilidade evidenciada com as denúncias do Ministério Público Federal, em 2008, contra Timothy Mulholland, ex-reitor da UnB (Universidade de Brasília), por suposto desvio de verbas da Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos). Na ocasião, ele teria usado o dinheiro para decoração do apartamento funcional que ocupava enquanto era gestor da universidade, gastando quase R$ 500 mil em móveis de luxo. Tais fatos, para Lucchesi, desviam as atenções públicas para problemas secundários, porém, não menos importantes. "A corrupção ganha evidência com escândalos e encobre problemas relacionados à eficiência do gasto de recursos públicos, que pode ser muito mais cara ao País e trazer ônus maior para a sociedade", contesta. Ele ressalta a importância de criar métodos de transparência do uso dos recursos e institucionalização dos processos, mas acredita que o fim do repasse é a solução mais favorável ao desenvolvimento científico e social. Borges partilha da mesma tese do diretor do CNI e completa que não é proibindo, tampouco mudando a forma do funcionamento do sistema, que os problemas de corrupção serão solucionados. "O desvio de verba pode acontecer tendo ou não o intermédio das fundações e existe nas universidades, no governo e nas empresas. É preciso identificar quem fez errado e penalizá-lo. A impunidade é o grande problema", defende o presidente da Confap. Alternativa ao subterfúgio - Uma coisa é certa: o subterfúgio que desde 1994 vem sendo adotado pelas universidades públicas não poderá ser utilizado até que a medida provisória seja prorrogada ou uma nova lei autorize o procedimento. A prorrogação por pelo menos mais um ano é a primeira ação alternativa à decisão do TCU, segundo Barbiero. O presidente da Andifes confessa que a extensão do prazo não deixará o setor desamparado até que propostas mais estratégicas e duradouras sejam aprovadas. "Há mais ou menos um ano, os ministérios de Ciência e Tecnologia, Educação e Planejamento, em parceria com as universidades públicas, estão criando uma emenda para a lei que regulamenta as fundações, com a descrição detalhada de suas funções", aponta ele. A medida provisória já foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas aguarda aprovação. "Tempo que independe do setor acadêmico e, por isso, não podemos ser penalizados por isso", acrescenta Barbiero. Para o presidente da Confap, é preciso criar legislação específica para a Ciência, Tecnologia e Inovação. "Não se pode engessar o sistema com a inquisição das mesmas regras impostas para a administração pública convencional", relata Borges, que também acrescenta a necessidade da qualificação dos órgãos de controle federal e estadual. "Tem que cobrar, sim. Mas saber o que é preciso cobrar. As fiscalizações precisam estar muito mais centradas nos resultados e não especificamente nos números", contesta. Mas caso o TCU revogue a prorrogação da medida provisória, Barbiero confessa a necessidade de as instituições criarem setores de administração capazes de assumir as responsabilidades das fundações. "Uma adaptação inevitável que demorará no mínimo um ano para ser implantada com eficiência", calcula ele. Procurado pela reportagem, o TCU informou que não se manifestará sobre o assunto até que a decisão final do relator seja divulgada.
Flexibilidade x corrupção
Mas da mesma forma em que o subterfúgio à legislação brasileira pode ser recorrido em benefício ao desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, ele também pode propiciar o uso indevido dos recursos públicos. Vulnerabilidade evidenciada com as denúncias do Ministério Público Federal, em 2008, contra Timothy Mulholland, ex-reitor da UnB (Universidade de Brasília), por suposto desvio de verbas da Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos). Na ocasião, ele teria usado o dinheiro para decoração do apartamento funcional que ocupava enquanto era gestor da universidade, gastando quase R$ 500 mil em móveis de luxo. Tais fatos, para Lucchesi, desviam as atenções públicas para problemas secundários, porém, não menos importantes. "A corrupção ganha evidência com escândalos e encobre problemas relacionados à eficiência do gasto de recursos públicos, que pode ser muito mais cara ao País e trazer ônus maior para a sociedade", contesta. Ele ressalta a importância de criar métodos de transparência do uso dos recursos e institucionalização dos processos, mas acredita que o fim do repasse é a solução mais favorável ao desenvolvimento científico e social. Borges partilha da mesma tese do diretor do CNI e completa que não é proibindo, tampouco mudando a forma do funcionamento do sistema, que os problemas de corrupção serão solucionados. "O desvio de verba pode acontecer tendo ou não o intermédio das fundações e existe nas universidades, no governo e nas empresas. É preciso identificar quem fez errado e penalizá-lo. A impunidade é o grande problema", defende o presidente da Confap. Alternativa ao subterfúgio - Uma coisa é certa: o subterfúgio que desde 1994 vem sendo adotado pelas universidades públicas não poderá ser utilizado até que a medida provisória seja prorrogada ou uma nova lei autorize o procedimento. A prorrogação por pelo menos mais um ano é a primeira ação alternativa à decisão do TCU, segundo Barbiero. O presidente da Andifes confessa que a extensão do prazo não deixará o setor desamparado até que propostas mais estratégicas e duradouras sejam aprovadas. "Há mais ou menos um ano, os ministérios de Ciência e Tecnologia, Educação e Planejamento, em parceria com as universidades públicas, estão criando uma emenda para a lei que regulamenta as fundações, com a descrição detalhada de suas funções", aponta ele. A medida provisória já foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas aguarda aprovação. "Tempo que independe do setor acadêmico e, por isso, não podemos ser penalizados por isso", acrescenta Barbiero. Para o presidente da Confap, é preciso criar legislação específica para a Ciência, Tecnologia e Inovação. "Não se pode engessar o sistema com a inquisição das mesmas regras impostas para a administração pública convencional", relata Borges, que também acrescenta a necessidade da qualificação dos órgãos de controle federal e estadual. "Tem que cobrar, sim. Mas saber o que é preciso cobrar. As fiscalizações precisam estar muito mais centradas nos resultados e não especificamente nos números", contesta. Mas caso o TCU revogue a prorrogação da medida provisória, Barbiero confessa a necessidade de as instituições criarem setores de administração capazes de assumir as responsabilidades das fundações. "Uma adaptação inevitável que demorará no mínimo um ano para ser implantada com eficiência", calcula ele. Procurado pela reportagem, o TCU informou que não se manifestará sobre o assunto até que a decisão final do relator seja divulgada.
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Violência na Escola: não Adianta dar Bronca, diz Psicóloga
Episódios de violência em duas escolas municipais do Rio nas últimas semanas deixaram pais e professores apreensivos. O que pode ser feito para garantir a harmonia entre estudantes e docentes depois de um caso de agressão? Segundo a professora Leila Cury Tardivo, que leciona psicologia clínica na USP (Universidade de São Paulo), o maior erro é fingir que nada aconteceu. "O ideal é ter um espaço de discussão, mas sem tentar dar lições de moral e bronca, pois adolescente não curte isso", diz Leila. "Também é importante criar meios de o estudante poder falar de sua angústia, dor e medo para evitar esses episódios." A falta de uma relação de confiança em que o estudante se sinta confortável para se abrir pode levar o adolescente a não denunciar atos de violência sofridos, testemunhados ou até mesmo motivar novas agressões. Quanto aos alunos diretamente envolvidos nos episódios violentos, a especialista recomenda que sejam responsabilizados pelo que fizeram e, se possível, que reparem o dano feito ao bem público. "O estudante precisa saber que seus atos têm conseqüências", afirma a docente da USP. "Mas o melhor é não usar punições extremas, pois eles não são criminosos." Para os professores de instituições que foram alvo de violência, a grande dificuldade encontrada é controlar os adolescentes em momentos de agitação. A falta de uma equipe para auxiliar os docentes dentro das escolas complica ainda mais a situação. "Não conseguimos dar aula com uma turma indisciplinada. A escola tem que ter quem faça esse papel de dar assistência ao aluno, para descobrir por que o ele está agitado ou triste", diz um professor que preferiu não se identificar e que leciona na Escola Municipal José Veríssimo, no Rocha, apedrejada por alunos no último dia 14. A psicóloga Leila Tardivo orienta professores de instituições de ensino que sofrem com dificuldades estruturais, como a falta de profissionais e de condições adequadas em suas instalações a conversar com os alunos e responsáveis sobre os problemas. A partir do diálogo, ela propõe que sejam organizados mutirões para consertar o que for possível: "é típico da adolescência funcionar mais pela ação do que pela palavra. Então é uma boa ideia substituir o fazer destrutivo por uma ação construtiva." Ela também recomenda que alunos, pais e educadores se unam para cobrar do poder público melhorias nas condições da escola, ao invés de entrar em conflito entre si. Para sindicato, descaso com os alunos é uma das causas - Para o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), apesar dos esforços dos educadores, o descaso com o aluno dentro das instituições é a causa dos episódios recorrentes de violência que têm atingido escolas no Rio. Por isso, o órgão defende que as ocorrências não devam ser tratadas como casos de polícia. "Não é um problema de bandido dentro da escola", afirma a diretora do sindicato, Edna Felix. "Um exemplo claro disso é que o maior número de casos acontece com alunos com problemas de aprendizado, que não conseguem acompanhar o ensino e se revoltam." De acordo com o Sepe, a violência é vista nas escolas do Rio de Janeiro há bastante tempo, mas os professores e funcionários não denunciavam os casos por medo de represália. "As secretarias de educação e CREs (Coordenadorias Regionais de Educação) tentavam abafar", diz Edna. Entretanto, nos últimos meses aumentou o número de ocorrências, que também se tornaram mais graves. A solução para esses problemas, na interpretação do Sepe, é o investimento público na educação, com o aumento do planejamento das atividades. "Existe uma série de fatores que influem. O quantitativo grande de alunos em sala é um deles", diz analisa Edna Felix. Para sinalizar que não existe rivalidade entre educadores e a comunidade, o Sepe propôs, na Escola Municipal José Veríssimo, no Rocha, apedrejada na última semana, um ato simbólico em que professores distribuíram flores aos alunos. "Os pais dos alunos da escola estão, inclusive, passando um abaixo-assinado pedindo melhores condições", afirma. O Sepe tem uma audiência nesta segunda-feira com a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, para discutir os problemas na rede municipal de ensino.
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Violência na escola: não adianta dar bronca
Alunos Obtêm Notas mais Altas no Saers
Apesar da recuperação, desempenho ainda não atingiu o nível adequado. A educação pública oferecida nas escolas estaduais gaúchas começa a dar sinais de recuperação, mas ainda não saiu da UTI. Divulgados ontem pelo governo do Estado, os resultados do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul (Saers) apontam uma melhora discreta nas médias de matemática e português dos alunos sabatinados. Os resultados, porém, são vistos com ceticismo por educadores, já que a maioria dos estudantes continua abaixo do nível considerado adequado. Aplicado pelo terceiro ano consecutivo, o Saers envolveu, somente na rede estadual, 321,5 mil estudantes de 2ª e 5ª séries do Ensino Fundamental e do 1º ano do Ensino Médio. Em todas as provas, a pontuação média obtida aumentou em comparação aos índices de 2007, mas de forma modesta – nas provas de língua portuguesa, por exemplo, o escore contabilizado na 2ª série passou de 152,3 para 161,1 pontos, classificado como “básico” numa escala de 0 a 500 (veja o quadro). Nesse caso, para atingir o nível adequado, a pontuação teria de atingir pelo menos 170 pontos. Os números também revelaram um decréscimo sutil na porcentagem de crianças e adolescentes com desempenho abaixo do nível básico. O quadro abrange cinco das seis categorias avaliadas. Satisfeito com os resultados, o secretário estadual da Educação, Ervino Deon, destacou outros dois itens que, segundo ele, sugerem o início de uma nova fase para o ensino público gaúcho. De 2007 para 2008, professores e diretores foram surpreendidos por uma queda na performance dos alunos de 5ª série em questões de português. O mesmo aconteceu com os matriculados no 1º ano do Ensino Médio, só que em matemática. Em 2009, as médias nos dois segmentos não apenas voltaram a subir, como aos poucos superaram os valores iniciais. A explicação para isso, segundo Deon, estaria nos investimentos em melhorias nas escolas – cerca de 2 mil obras nos últimos três anos – e no treinamento de docentes por meio de programas como Professor Nota 10 e Lições do Rio Grande. Só no segundo semestre de 2009, conforme o secretário, 6,5 mil educadores foram submetidos a cursos. – Os resultados desse esforço estão só começando a aparecer. Nesse ritmo, vamos atingir nossas metas antes do previsto – aposta Deon. Região de Porto Alegre teve piores notas - Apesar do otimismo do secretário, especialistas lembram que ainda há um longo caminho a ser percorrido até que o ensino público oferecido por aqui se torne exemplar. Até lá, um dos casos mais preocupantes – e urgentes – é o da Coordenadoria Regional de Porto Alegre. Segundo dados do próprio Saers, o desempenho dos alunos da 2ª série foi o pior do Estado em português e matemática – alerta que não chegou a surpreender pesquisadores como Fernando Becker, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). – A situação é de chorar. Nas cidades menores, o professor ainda é valorizado, não há tanta violência e o custo de vida é menor. Na Capital, ele se sente desmotivado e não se renova. Acho que temos pouco a festejar – avalia Becker. O ceticismo do estudioso assume feições mais críticas no Cpers-Sindicato. Para a presidente da entidade, Rejane de Oliveira, por não levar em conta as especificidades de cada escola e região, o Saers é incapaz de fornecer um retrato fiel da realidade. A sindicalista sustenta que, se de fato houve melhora, foi por mérito e obstinação de quem todos os dias assume o quadro-negro. E nada além disso.
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Jovens Estudam as Relações Sociais
O estudo da Sociologia deixou de ficar restrito a poucos brasileiros que ingressavam no ensino superior e optavam por um curso na área de humanas. Conceitos de clássicos pensadores como Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber também são discutidos por jovens estudantes do ensino médio. A possibilidade veio de uma legislação que entrou em vigor no ano passado e prevê a implantação gradativa da disciplina nos três anos do ensino médio até o ano que vem. Por enquanto, todas as escolas brasileiras são obrigadas a ofertar a matéria em pelo menos dois anos do currículo. A inserção da ciência que estuda as relações sociais no conteúdo da escola tem agradado. A estudante do segundo ano do ensino médio do curso Positivo Amanda Zanellato Tavares, 15 anos, considera importante saber como funcionam as relações nas sociedades. “Aprender Sociologia faz com que a gente cresça com uma consciência de vida em sociedade mais bem formada”, diz. A estudante participa de um projeto que relaciona o conceito de cultura e sociedade e estuda a religiosidade presente nos hospitais. O projeto de estudo faz parte do plano pedagógico do Colégio Positivo. Em vez de uma hora aula da disciplina por semana, conforme prevê a lei, os estudantes se reúnem uma vez por mês no contraturno por quatro horas. Além de ter acesso à teoria, os 1,2 mil alunos dos primeiro e segundo anos do ensino médio também recebem profissionais convidados para proferir palestras. De acordo com a coordenadora do Departamento de Sociologia do Positivo, Vera Lúcia Molin Siqueira, cada aluno fará parte de um grupo que irá realizar pesquisa de campo que resultará num trabalho científico. São 12 eixos temáticos disponíveis para objeto de estudo. “A nossa ideia é aliar teoria com a prática. Todo este desenho do projeto tem o objetivo de fazer os alunos perceberem por que a Sociologia é importante”, diz. Antes da lei - Em algumas instituições, a Sociologia veio antes mesmo da obrigatoriedade imposta pela legislação. É o caso dos colégios Dom Bosco, Novo Ateneu e da rede estadual pública de ensino. No Novo Ateneu, os alunos estudam Sociologia em pelo menos uma das séries do ensino médio desde 2006. No ano passado, a disciplina passou a fazer parte do currículo dos três anos que compõem o ensino médio. Para a coordenadora do Novo Ateneu, Eneide Cordeiro Moreira, o conteúdo sociológico ajuda os adolescentes a enxergar o mundo de outra maneira. “Eles aprendem a argumentar e podem se inserir cada vez mais como cidadãos participativos”, diz. O professor de Sociologia Syllas da Fonseca ressalta que a disciplina foi retirada dos currículos escolares durante o regime militar. Um movimento restrito às faculdades, na década de 90, passou a pressionar pelo retorno da disciplina. “A Sociologia ajuda a formar cidadãos mais conscientes e críticos, que vão brigar contra a má gestão pública e corrupção”, diz. No Colégio Dom Bosco, a Sociologia passou a integrar o currículo do ensino médio em 2008, quando a Universidade Federal do Paraná (UFPR) começou a cobrar este tipo de conteúdo no vestibular, segundo conta o diretor-geral do ensino médio, Artur Xavier. Na rede pública estadual de ensino, a Sociologia foi implantada em 2004 e já estava presente em pelo menos um dos três anos do ensino médio desde 2007. De acordo com a chefe do Departamento de Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, Mary Lane Hutner, foi criada uma equipe de Sociologia para trabalhar a formação dos professores e construir as diretrizes curriculares. Mary Lane diz que em breve será necessário abrir concurso para professor de Sociologia com formação específica. “A rotatividade é muito grande”, diz. Segundo ela, a presença da disciplina no ensino médio é fundamental para a formação de cidadãos mais críticos. “A discussão que ocorre na escola é a reflexão do mundo em que vivemos, dos temas que são pertinentes e estão no auge de nossa sociedade, tudo com sustentação teórica.”
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Jovens estudam as relações sociais
OIT Alerta para "Déficit de Trabalho Decente" no Brasil
O Brasil atravessou a crise sem passar por um impacto social profundo. Mas, agora, terá de concentrar esforços para melhorar as condições de trabalho dos brasileiros. O alerta foi feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), durante reunião de ministros do Trabalho do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), realizada na semana passada em Washington. Segundo a entidade, 25% da população brasileira ainda ganha menos de US$ 75 por mês. Para a entidade, o "déficit de trabalhos decentes ainda persiste". Segundo a OIT, o desafio do governo no pós-crise mundial será o de criar condições para uma melhora da renda. A OIT admite que a crise do desemprego foi atenuada pelo aquecimento do mercado interno e pelos incentivos fiscais do governo. Mas alerta para o fato de que a geração de emprego é insuficiente para lidar com a situação social do País, apontando os trabalhos degradantes que persistem. O documento mostra ainda que o Brasil é o país que tem a menor cobertura de seguro-desemprego entre as economias do G-20, atendendo 7% da população. Na Argentina, é 8%, na África do Sul, 11%, no Japão, 35% e na Espanha, mais de 60%. A OIT recomenda que os governos mundiais mantenham os pacotes de resgate à economia, para evitar uma explosão na taxa de desemprego. Em 2009, esses pacotes salvaram 8 milhões de empregos e devem evitar mais de 6,7 milhões demissões em 2010.
Nota da Redação do Enem é Criticada Até por Examinadores
As críticas sobre as notas das redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não partem apenas de docentes e vestibulandos. O JC entrevistou dois professores que participaram da correção dos testes aplicados pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), da Universidade de Brasília (UnB). Ambos questionaram o pouco tempo para desempenhar a tarefa, a pressão para que a correção fosse feita rapidamente e, o mais grave, a qualidade do trabalho realizado. Em todo o Brasil, foram 3.600 corretores contratados pelo Cespe para analisar cerca de 2,5 milhões de redações. Os entrevistados preferiam não se identificar. Alegaram que se comprometeram com o Cespe em manter sigilo sobre a tarefa que assumiram. Mas toparam contar como aconteceu o processo. Um deles, inclusive, foi quem procurou o JC depois de ler uma matéria publicada no início de março sobre os atropelos do Enem. Os dois tem nível superior com pós-graduação. Questionados se houve qualidade na correção, dizem que não. “Recebíamos e-mails que nos coagiam o tempo todo a cumprir os prazos. Isso deixou transparecer que os organizadores não dominavam o processo. Perdi meu descanso de quase 20 dias para ganhar uma quantia irrisória diante da importância e da seriedade com que encaro meu trabalho”, destaca um dos professores que, apesar das crítica, disse que o Enem tem ótimos critérios de correção e que o processo digital foi objetivo e eficiente. O colega concorda em parte. “Acho que houve qualidade daqueles que corrigiram em média 100 a 800 redações. Mas teve quem passou disso. É humano, ética e cognitivamente impossível avaliar textos, julgar as ideias e observar aspectos gramaticais em tão pouco tempo. Fico imaginando como foi possível para muitos professores de todo o Brasil corrigir mais de 1.500 redações em 15 dias, lembrando que demos pausas no Natal e no Revéillon”, observa. Segundo um deles, o tema da redação (ética) também trouxe problemas. “Os professores e organizadores misturavam conceitos, anulavam redações arbitrariamente, questionavam se deveriam aceitar a discussão sobre todos os valores morais ou somente a ética, não sabiam direito delinear esses limites, o que considerei patético”, comenta. “Qualquer pessoa, mesmo sem ser profissional na área da linguagem, percebe a falta de qualidade e honestidade no tocante a essas correções. Os alunos foram mal avaliados. Uns reprovados e outros aprovados sem mérito algum. É antiético e desumano pensar que alunos passam longo tempo de preparação para esses exames na perspectiva de ingressarem em universidades e encontram alguns professores irresponsáveis no caminho”, diz o outro. CONTROLE - Segundo o Cespe, a seleção dos profissionais que participaram da correção das redações do Enem foi feita, principalmente, a partir do banco de professores cadastrados no centro e que já participam de correções de provas da instituição e do banco do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Em média, cada corretor ganhou entre R$ 2 mil e R$ 3 mil, proporcional ao trabalho realizado, durante 30 dias (os professores entrevistados disseram que não, que cada texto corrigido valia R$ 1). Ainda conforme o Cespe, todos os docentes receberam treinamento sobre o padrão de correção das redações. O processo foi acompanhado em tempo real pela equipe do centro. Quando se detectava um desvio do padrão, o corretor era contatado pelo supervisor, que verificava o que estava havendo. A entidade informou também que o trabalho dos 3.600 corretores foi analisado diariamente segundo vários critérios e que, na avaliação da coordenação, a correção ocorreu com alto grau de qualidade. (Jornal do Commercio).
Candidatos Questionam Correção da Redação do Enem
Definida a manutenção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como substituto da primeira fase do vestibular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a preocupação de alunos e professores agora é outra. Estão inquietos porque a redação que valerá no processo seletivo é a da avaliação nacional, em vez da prova aplicada pela Comissão do Vestibular (Covest), como ocorreu em 2009. Relatos de vestibulandos que tiraram boas notas, apesar de terem escrito apenas um ou dois parágrafos, põem em xeque a qualidade da correção dos textos avaliados pela equipe contratada pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), da Universidade de Brasília (UnB), responsável pela aplicação do Enem. A dissertação da estudante Cynara Karolina Rodrigues, 18 anos, é um exemplo. Ela só redigiu a introdução. Foram sete linhas, tamanho mínimo exigido para que o texto fosse corrigido. Ao conferir as notas do Enem, a surpresa: 653,4 na redação. “Escrevi às pressas, no final do tempo permitido. Como meu interesse era a UFPE, que não usaria a redação do Enem, optei por me concentrar nas 90 questões das provas de português e matemática”, relata Cynara. “Questiono a real confiabilidade da banca corretora e quais os verdadeiros parâmetros de avaliação. Por mim, a UFPE deveria manter a redação aplicada pela Covest”, diz a vestibulanda, que tentará, pela segunda vez, vaga em medicina. Na UFPE, como levou ponto de corte, ela não teve a redação corrigida. Igualmente concorrente de medicina, Lais Weinstein, 21, também se surpreendeu com a nota na redação do Enem, 875. “Meu texto foi um desastre, um lixo. Escrevi em cinco minutos, sem passar pelo rascunho. Rasurei muito, a letra ficou ilegível e o texto não tinha boa estrutura. Não merecia de jeito nenhum esta nota. Achava que levaria zero”, afirma Lais. A boa nota contribuiu para que conquistasse vaga em medicina na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, no Sertão do Estado, que adotou apenas o Enem como vestibular. Como passou na segunda entrada, ela tem dúvida se vai assumir o curso. Tanto que está matriculada em cursinho pré-vestibular, no Recife, porque pretende tentar novamente medicina na UFPE. “Minha preocupação é que a má correção da redação no Enem me ajudou na Univasf, mas pode me prejudicar na UFPE”, observa Lais. Com exceção do grupo 9, os outros oito grupos do vestibular da UFPE têm redação como disciplina de maior peso na segunda fase da seleção. É um teste decisivo para conquista da vaga. No atual formato de distribuição de pontos, quase um terço da pontuação nessa etapa é obtida com a redação. Para os candidatos do grupo 1 (administração, hotelaria e economia), a nota vale ainda mais, 40% da média final. “A Federal não pode abrir mão da autonomia de aplicar a redação. Na maioria das vezes, sobretudo em cursos concorridos, como medicina, é a nota da redação que define quem passa no vestibular. Com tantos problemas no último Enem, a universidade deveria ter mantido a redação sob sua responsabilidade”, defende a professora Renata Pimentel, que mantem cursinho com a professora Flávia Suassuna. A seriedade da Covest na correção das dissertações é elogiada pelos docentes. Os critérios de correção adotados pelo Cespe também. A queixa, no caso do centro da UnB, é se esses critérios foram realmente aplicados. “Os critérios são interessantes. Teoricamente, parecem ótimos. Mas questiono se, na prática, foram pontuados como deveria. Na Covest, sabemos o que esperar dos corretores. No Cespe, não”, destaca Fernanda Pessoa, também professora de redação de cursinho e dos Colégios Salesiano e Único. A inclusão da nota da redação do Enem no vestibular da UFPE não foi discutida na última reunião do Conselho Universitário, realizada nove dias atrás. O grupo apenas aprovou a manutenção do exame nacional como primeira fase do vestibular. Mas no entendimento do reitor Amaro Lins, como o Enem contempla a redação, devem ser aproveitadas todas as notas. Falta agora definir como será a distribuição dos pontos, porque segundo a pró-reitora acadêmica, Ana Cabral, a nota da redação passará a valer na primeira fase e não mais na segunda. CORREÇÃO - Para ser corretor do Enem, era necessário, segundo o Cespe, ter formação em língua portuguesa e experiência comprovada em sala de aula ou com mestrado e doutorado. O problema foi atrair gente qualificada para a tarefa, diante da baixa remuneração: apenas R$ 1 por texto corrigido (a Covest pagou, ano passado, R$ 3,40 por redação avaliada). O período de trabalho também não ajudou muito: um intervalo de menos de um mês, entre 15 de dezembro do ano passado e 15 de janeiro deste ano (com Natal e Ano Novo no meio). Os professores realizaram a correção online. Recebiam 100 textos por vez. Só chegava um novo envelope quando acabavam o anterior. Na Covest, a correção é presencial, embora os textos sejam digitalizados. Os professores ficam confinados, sem qualquer contato com outras pessoas, durante a correção.(Jornal do Commercio).
terça-feira, 27 de abril de 2010
Reunião de Representantes de Escolas
Hoje, dia 27 de abril de 2010, eu, Prof. Israel Lima, estive na Reunião de Representantes de Escolas do Sinpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensimo Municipal de São Paulo).
Por esta razão, não tivemos postagens, mas amanhã, dia 28 de abril teremos.
Um grande abraço e continue nos prestigiando.
Atenciosamente,
Prof. Israel Lima
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segunda-feira, 26 de abril de 2010
O Valor da UNE
Depois de ter sido aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o projeto que autoriza a União a doar até R$ 30 milhões para a construção da nova sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) agora só depende da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para ser convertido em lei. O movimento estudantil está pedindo que o texto seja posto em votação em maio ou, no máximo, em junho, uma vez que a legislação proíbe esse tipo de repasse nos cinco meses que antecedem as eleições. A UNE tem fortes ligações com o governo do PT e sente-se à vontade para pedir urgência. Desde a ascensão de Lula ao poder, a UNE tornou-se uma entidade chapa-branca, que apoia todas as iniciativas administrativas e políticas do Palácio do Planalto. Em troca, indicou antigos dirigentes estudantis para cargos de segundo escalão, principalmente no Ministério do Esporte, e passou a receber recursos para divulgar programas dos Ministérios da Educação, da Saúde, da Cultura e da Igualdade Racial, promover "caravanas da cidadania" em universidades federais, realizar jogos estudantis e organizar ciclos de debates. Os repasses de recursos públicos quase quadruplicaram nos dois mandatos do presidente Lula. Em 2004, a UNE recebeu R$ 599 mil. No ano passado, as transferências chegaram a R$ 2,95 milhões. Entre 2004 e 2009 a UNE recebeu quase R$ 10 milhões da administração direta e de empresas estatais, como a Petrobrás, a Eletrobrás, a Caixa Econômica e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. E, há dois anos, o presidente Lula prometeu financiar a reconstrução da sede da entidade no Rio de Janeiro, que foi metralhada, depredada e incendiada no primeiro dia do golpe militar de 64. Os escombros ficaram sob responsabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro e, quando líderes estudantis começaram a se mobilizar para retomá-lo, o que ainda restava foi demolido em 1980, no governo João Figueiredo. Como a UNE não é uma entidade pública, o governo não poderia transferir dinheiro dos contribuintes para custear as obras. Para contornar as proibições legais, Lula recorreu ao expediente da "indenização". Primeiro, reconheceu a responsabilidade da União na destruição do prédio da entidade, que ficava na Praia do Flamengo. E, sob a alegação de que quem é omisso, negligente ou conivente tem de ressarcir os prejuízos causados, assinou o projeto que autoriza a União a transferir para a UNE uma "reparação" no montante equivalente a seis vezes o valor do terreno, pelo valor de mercado. A pedido do governo, a área foi avaliada há cerca de dois anos pela Caixa Econômica Federal, em R$ 5 milhões. Para se autossustentar, caso venha a perder no próximo governo as boquinhas que conquistou nos dois mandatos do presidente Lula, a UNE pretende erguer, além de um centro cultural, uma biblioteca, um auditório e um museu, um restaurante, dois teatros e um prédio de 13 andares - com espaços com entradas independentes que poderão ser alugados para empresas privadas, empresas públicas e sociedades de economia mista. O repasse a título de "reparação", os convênios com vários órgãos da administração federal e a concessão de benesses, como o monopólio na expedição de carteiras estudantis, mostram como o governo Lula cooptou movimentos sociais, patrocinou ONGs vinculadas ao PT e financiou entidades pseudofilantrópicas mantidas por centrais sindicais. Em troca de dinheiro público, essas entidades perdem sua representatividade. É por isso que a UNE não exerce hoje o importante papel político que exerceu no passado, quando formou atuantes líderes que atualmente estão no proscênio da vida pública. Dirigida nas duas últimas décadas por estudantes profissionais vinculados ao PT e ao PC do B e moralmente desfigurada por negociar apoio político ao governo em troca de regalias e privilégios, a União Nacional dos Estudantes carece de autoridade e de credibilidade. Seus "posicionamentos" não valem mais do que um bilhete usado de metrô.
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Correção Oportuna
A constatação, feita por levantamento da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), de que mais de 700 mil crianças no Brasil estão em séries incompatíveis com a idade é preocupante para um país que precisa melhorar seus indicadores nesta área para alcançar um ensino de qualidade. Por isso, é importante que sejam alcançados os resultados esperados pelo programa de fluxo escolar que o MEC deverá promover a partir do próximo mês, fornecendo recursos e conteúdos com o objetivo de fazer os estudantes retornarem às séries correspondentes às suas idades. De todos os problemas da educação, o descompasso entre idade e série é um dos que mais afetam os resultados do ensino no país. É o caso, por exemplo, da criança que não é alfabetizada na idade adequada e, ao mesmo tempo, do aluno que, depois de enfrentar sucessivas reprovações, acaba abandonando a escola. O estudante que não se alfabetiza no momento oportuno e o que entra no Ensino Médio com idade acima da exibida pela maioria da turma precisam de ações específicas para seguir adiante e alcançar um aprendizado satisfatório. As conclusões a que chegou o Ministério da Educação com base na análise de mais de mil municípios demonstram que a questão precisa ser enfrentada tanto sob o ponto de vista do aluno quanto do educador. Daí a importância de uma coordenação eficiente na execução deste trabalho de correção de fluxo. Depois de ter conseguido universalizar o acesso ao ensino, o Brasil precisa se concentrar cada vez mais na busca de qualidade, que durante um certo tempo foi preterida pela preocupação com a quantidade. Daí a importância da intensificação dos exames periódicos de avaliação, pois o país precisa saber onde estão os problemas e como pode enfrentá-los de forma mais eficaz.
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FNDE: Só 20% dos Municípios Enviaram Orçamentos em Educação
A uma semana do fim do prazo para que as prefeituras enviem para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) os dados do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope), pouco mais de 20% dos 5 mil municípios enviaram as informações pela internet. O último levantamento foi fechado na sexta-feira. Mas, para o coordenador do Siope, Paulo Cesar Malheiro, o fluxo baixo não causa preocupação. "Todos os anos é a mesma coisa. Assim como no IR Imposto de Renda, a gente vê que nem metade dos brasileiros já transmitiu suas declarações, no Siope é a mesma coisa. A cada dia, você vê um maior número de municípios informando ao sistema. Até a semana que vem a gente espera que mais de 4 mil municípios informem", acredita. O prazo termina na próxima sexta-feira. O Siope é importante para que o gestor municipal possa fazer o planejamento do ano seguinte, considerando seu balanço de receitas e despesas. Este ano, 40 indicadores educacionais foram incluídos no questionário do sistema. Eles devem dar um panorama do assunto referente a 2009 e 2010. Os municípios podem informar seus orçamentos em educação a qualquer momento, mesmo depois do prazo de 30 de abril. Mas a partir desta data o governo federal suspende o repasse de recursos provenientes de convênios - como no caso dos programas pró-infância e caminho da escola. Isso porque o Siope é a ferramenta que o governo federal usa para fiscalizar a utilização dos recursos já repassados. "Quando são informados os dados de receita e despesa, eles são cruzados com bancos de dados que o Siope tem acoplado, como o da Receita Federal, por exemplo. Então quando o município informa esses dados, o sistema já sabe quanto o ente (público municipal) deve informar. Ele (o sistema) verifica e constata: se informou correto, ele libera. Se não, bloqueia e solicita que o ente corrija as informações", explica Malheiro. Os estados também devem enviar os dados do Siope ao governo federal, mas o prazo, nesse caso, é outro. Vai até dia 31 de maio.
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