Enfim, 14 alunos sem os textos com os quais iríamos trabalhar. (ah, seria tão fácil se você os colocasse então em duplas para fazerem a atividade, penso eu). Ah! sim, seria e a responsabilidade e o compromisso ficariam para ser construídos não se sabe quando.
Depois de quase dois meses de aula sem conseguir que tragam o material, já tendo deixado alguns dessa mesma sala fora de minha aula, copiando os textos que seriam usados, volto a repetir a ação. Dessa vez, não anoto no meu caderno quem está sem material (sempre os mesmos, com raras exceções), peço que assinem uma folha e os encaminho para mesinhas perto da cantina, onde irão copiar os textos que necessitaremos em nossas aulas, já que serão duas. Peço-lhes que quando acabarem subam para que eu possa dar o visto e iniciarem as atividades programadas.
Desço algumas vezes para ver como anda a cópia e em uma dessas peço à coordenadora que redija um bilhete para que eu possa encaminhar às mães convocando-as para virem à escola. A coordenadora responde que não poderá fazê-lo porque está muito ocupada no momento, pois há salas sem professores.
E chama minha atenção - e não é a primeira vez - dizendo que não posso colocar alunos fora de sala. Respondo já bastante irritada que não posso é ficar com eles na minha sala sem terem nada a fazer e perturbando os outros. Volto à minha sala e redijo o bilhete o qual entrego a ela e digo: está aí o bilhete é só xerocar e enviar, ela olha para mim e diz: - Áurea, você sabe que temos um formulário próprio para isso? Confesso que tive vontade de morrer. Não respondo e volto para minha sala.
Os alunos vão terminando de copiar e na medida em que voltam para a sala, vou tentando explicar-lhes o que devem fazer já que a outra parte da turma já fazendo a atividade. Quase impossível, entram gritando, atrapalhando os outros, batendo, tomando e rabiscando os cadernos, pondo apelidos. Um inferno!!!! Acabam essas duas aulas.
Estou acostumada a dar quatro, oito horas seguidas de aula tranquilamente, mas essas duas me tiraram todas as forças.
Vou para o recreio. O lanche que tento comer – um suco e um pãozinho integral - não conseguem descer. Acho estranho, guardo o lanche. Bebo um pouco de água e fumo um cigarro.
Agora aula na sala 09, também 6ª série. Quando chego à porta da sala tenho vontade de sumir, há pelo menos uns dez alunos de pé sobre a bancada debaixo da janela. Alguns não são alunos da sala e quando entro e fecho a porta, descem da bancada e saem correndo e gritando. Outros pulam da bancada para os tampos das carteiras até chegar no seu lugar.
A garota - infelizmente ainda não sei todos os nomes - que se assenta na última carteira da 2ª fila, perto da janela, pula da bancada para o tampo de uma carteira e depois para o tampo da sua, desce para a cadeira, pula no chão e corre, gritando pela sala atrás de um garoto. Passam na minha frente como se lá eu não estivesse e voltam.
Paro na frente de todos e fico olhando, tenho a impressão de que estou numa rebelião. Penso: o que fazer?
(Acompanhe o próximo capítulo)
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