Pelo Corredor da Escola

Apontar temáticas do cotidiano escolar é o objetivo primeiro deste blog, na intenção de ser "elo" entre as partes envolvidas (aluno/professor). A reflexão é o nome deste elo, que não só une, mas debate e critica os principais livros do Brasil e do mundo.

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sábado, 27 de junho de 2009

Carta de uma Professora Mineira – 4º Capítulo


O aluno, que se senta à sua frente, desse não me lembro bem as características, virava-se para trás e com a caneta atirava-lhe bolinhas de papel no rosto. Ou gritava como um louco. A menina que corria pela sala, agora assentadinha punha a garganta para funcionar junto com o garoto da mochila atirada pela janela, a seu lado, cada vez que eu dizia isso ou aquilo para qualquer aluno.

O aluno da 1ª fila perto da porta, 3ª carteira - magro, claro, louro do cabelo crespo, nada copiava, pois atirava bolinhas de papel com a caneta para todas as direções Até que em dado momento, acertou em mim e fui lá tomei a caneta, quebrei e pus no lixo (ah, nunca poderia ter feito isso!!! Pensei!!!, mas a vontade mesmo era de fazer com que ele engolisse a caneta, já não tinha mais controle de mim).
Bate o sinal para terminar a aula - outra coisa que venho tentando ensinar- minha aula acaba quando saio da sala – mas já havia dito que somente iria para outra sala quando tivesse dado o visto em todos os cadernos daqueles que tinham que copiar o texto.

Faltavam ainda oito e esperei que todos terminassem, mesmo sobre o protesto deles, principalmente porque a próxima aula era educação física, só saíam depois do visto. Ah, muitos podem pensar, como eu já pensei e até falei para muitos professores: coitadinhos, ficar sem a educação física, aula de que mais gostam!

Não tive essa intenção, pois nem sabia que era essa aula, embora acredite que esses alunos necessitam ter algumas sanções para terem limites. E já por duas vezes pedi a Professora Paula e a Professora de Artes, que deixassem aqueles que não acabaram a atividade acabar, pois do contrário o trabalho ficaria prejudicado e não eram aulas de Educação Física. Nesse dia foi mera coincidência.
Enquanto aguardava que todos acabassem, foram quatro alunos à porta dizer que a coordenadora, Lorena, mandou falar para eu ir para a outra sala que o sinal já tinha batido. Eu dizia: - diga a ela que assim que os alunos acabarem eu vou.

Devo ter ficado nessa sala por uns 15 ou 20 min, após o sinal, para que desse o visto em todos os cadernos.
Saí para me dirigir a outra sala, já com a alma em frangalhos. E sou surpreendida pela Lorena que aos gritos: diz que não posso fazer o que bem entendo, que a sala 12 que eu mesma disse que é a pior sala da escola, estava na maior baderna, atrapalhando todas as salas e eu na outra sala.

Já totalmente irritada, digo que ela não sabe o que aconteceu e já gritando tento me explicar, mas desisto e resolvo ir embora. Antes de chegar à sala dos professores o diretor e a coordenadora, Lorena, já estão ao meu lado dizendo que não posso ir embora, pois tenho que dar as aulas, digo que não vou, que chega, não preciso nem vou tolerar essa situação que eles assinaram embaixo da formação de uma corja de alunos na escola, (me referindo à antiga direção que segundo vários e inúmeros professores acolhia os alunos que eram colocados fora de sala, com café, afagos, biscoitos, corte de unhas e dizia que os professores deles não sabiam dar aula e não valiam nada, o que os tornou completamente sem limites), não tomam providências mais sérias e eu não sou responsável por isso pois nem lá estava.

Disse também que me prontifiquei a ajudar a Regional para tentar melhorar a escola, mas que chegava para mim. Algumas professoras que estavam na sala dos professores tentaram explicar o que gerou a falta de limites dos alunos, repetindo a história da ex-diretora.

Eu disse que já estava cansada de saber dessa história e que a escola então deveria tomar providências mais sérias com determinados alunos, mas nada fazia. Lorena disse que já havia chamado as mães da sala 12 que eu havia reclamado para uma reunião na sexta-feira e que nada mais podia fazer. Eu disse que deveriam suspender ou mesmo expulsar determinados alunos da escola.

Ela e o diretor falaram que a regional não deixa. Disse ainda que se eles se candidataram ao cargo e não davam conta que pedissem socorro. Eles tentavam falar, mas eu não queria mais escutar, gritávamos eu e eles. Um bate-boca sem fim!! Peguei minha bolsa e disse vou até a Regional. O diretor ainda disse que era bom mesmo que fosse, pois a Regional estava sempre contra eles.


(Acompanhe o próximo capítulo)

1 Comentário:

Vanuza Pantaleão disse...

Pois é, professor, o cotidiano dos professores é difícil, mas sem eles o que seria de nós?
Luta e Fé, sempre!
Obrigada e a nossa admiração!!!

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