A alta incidência da prática de bullying, confirmada por uma pesquisa feita pela organização não governamental Plan Brasil, preocupa num país já às voltas com tantos entraves na educação. É inadmissível que o ensino brasileiro, que enfrenta problemas que vão da baixa qualidade à repetência e à defasagem entre idade e série cursada, ainda precise conviver com atos agressivos, de forma permanente, em plena sala de aula ou no plano virtual. Esse é um desafio que as comunidades precisam enfrentar, associando-se aos esforços daqueles que atuam no ambiente escolar e aos dos governantes, com o objetivo de conter um tipo de violência sutil e dissimulado, mas de consequências sempre nefastas. Realizado no segundo semestre do ano passado, o levantamento conclui que nada menos do que 28% dos estudantes brasileiros entre a 5ª e a 8ª séries do ensino fundamental já foram vítimas de atitudes agressivas de todas as formas, intencional e repetidamente, sem motivação. Uma das consequências mais comuns dos maus-tratos físicos ou emocionais é a queda repentina no desempenho escolar, que é acompanhada, muitas vezes, por uma manifesta rejeição aos estudos e a vontade de abandoná-los, por razões raramente óbvias. O agravante é que as consequências não se limitam ao plano individual, pois se estendem aos resultados do ensino de maneira geral. A particularidade de o problema precisar ser diferenciado com clareza e sem emoções em excesso, que os pais costumam manifestar, reforça a importância da atuação de profissionais especializados nesses casos. Os pais, porém, têm o dever inarredável de lutar contra esse mal, mantendo-se vigilantes e sempre atentos a mudanças comportamentais e a sinais físicos de violência que os filhos possam apresentar. Esse é um desafio em torno do qual as comunidades precisam se associar ao ambiente escolar e aos governantes. Depois da família, porém, o local mais apropriado para o tratamento sistemático da questão é mesmo a escola, que deve desenvolver programas de orientação e apertar o cerco na disciplina.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
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