Que todo emprego é digno é fato. Mas é duro quando a oferta de vagas se concentra em setores de baixa qualificação e está atrelada a uma obrigação, e não à procura real por um profissional capacitado. Tem sido assim, em geral, que empresas querem colocar a pessoa com deficiência atuante no mercado de trabalho. Com a fiscalização "pegando no pé" para cumprir a Lei de Cotas, alguns gestores de RH disparam anúncios de vagas "chão de fábrica". Nada contra apertar parafusos, atender telefone ou abrir portas. Acontece que há milhares de cadeirantes -engenheiros, arquitetos, advogados, farmacêuticos, atores- que querem e precisam trabalhar para viver com dignidade. Não cabe mais atrelar capacidade física à habilidade intelectual e querer limitar o ambiente onde elas irão atuar. Um local de trabalho que contempla a diversidade amplia seu potencial de atingir um maior número de objetivos, de metas. Muito se escuta sobre a "pouca qualificação" do deficiente. Devido à falta de acesso, sobretudo, poucos deficientes chegam aos bancos universitários. Mas esse público existe, quer trabalhar e é amparado pela lei, pelo bom senso. Há também profissionais que já eram formados quando passaram à condição de deficientes. Uma rampa, um software auxiliar de leitura custam caro e inviabilizam a contratação? O valor, decerto, é menor que o impacto social e humano de abandonar gente qualificada e que pode apresentar resultados concretos para um negócio. A história já mostrou muitas vezes que competência, genialidade e produtividade não guardam relação com pleno vigor físico ou sensorial. O autor é cadeirante e edita o blog Assim como Você na Folha Online.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
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