Apesar da recuperação, desempenho ainda não atingiu o nível adequado. A educação pública oferecida nas escolas estaduais gaúchas começa a dar sinais de recuperação, mas ainda não saiu da UTI. Divulgados ontem pelo governo do Estado, os resultados do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul (Saers) apontam uma melhora discreta nas médias de matemática e português dos alunos sabatinados. Os resultados, porém, são vistos com ceticismo por educadores, já que a maioria dos estudantes continua abaixo do nível considerado adequado. Aplicado pelo terceiro ano consecutivo, o Saers envolveu, somente na rede estadual, 321,5 mil estudantes de 2ª e 5ª séries do Ensino Fundamental e do 1º ano do Ensino Médio. Em todas as provas, a pontuação média obtida aumentou em comparação aos índices de 2007, mas de forma modesta – nas provas de língua portuguesa, por exemplo, o escore contabilizado na 2ª série passou de 152,3 para 161,1 pontos, classificado como “básico” numa escala de 0 a 500 (veja o quadro). Nesse caso, para atingir o nível adequado, a pontuação teria de atingir pelo menos 170 pontos. Os números também revelaram um decréscimo sutil na porcentagem de crianças e adolescentes com desempenho abaixo do nível básico. O quadro abrange cinco das seis categorias avaliadas. Satisfeito com os resultados, o secretário estadual da Educação, Ervino Deon, destacou outros dois itens que, segundo ele, sugerem o início de uma nova fase para o ensino público gaúcho. De 2007 para 2008, professores e diretores foram surpreendidos por uma queda na performance dos alunos de 5ª série em questões de português. O mesmo aconteceu com os matriculados no 1º ano do Ensino Médio, só que em matemática. Em 2009, as médias nos dois segmentos não apenas voltaram a subir, como aos poucos superaram os valores iniciais. A explicação para isso, segundo Deon, estaria nos investimentos em melhorias nas escolas – cerca de 2 mil obras nos últimos três anos – e no treinamento de docentes por meio de programas como Professor Nota 10 e Lições do Rio Grande. Só no segundo semestre de 2009, conforme o secretário, 6,5 mil educadores foram submetidos a cursos. – Os resultados desse esforço estão só começando a aparecer. Nesse ritmo, vamos atingir nossas metas antes do previsto – aposta Deon. Região de Porto Alegre teve piores notas - Apesar do otimismo do secretário, especialistas lembram que ainda há um longo caminho a ser percorrido até que o ensino público oferecido por aqui se torne exemplar. Até lá, um dos casos mais preocupantes – e urgentes – é o da Coordenadoria Regional de Porto Alegre. Segundo dados do próprio Saers, o desempenho dos alunos da 2ª série foi o pior do Estado em português e matemática – alerta que não chegou a surpreender pesquisadores como Fernando Becker, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). – A situação é de chorar. Nas cidades menores, o professor ainda é valorizado, não há tanta violência e o custo de vida é menor. Na Capital, ele se sente desmotivado e não se renova. Acho que temos pouco a festejar – avalia Becker. O ceticismo do estudioso assume feições mais críticas no Cpers-Sindicato. Para a presidente da entidade, Rejane de Oliveira, por não levar em conta as especificidades de cada escola e região, o Saers é incapaz de fornecer um retrato fiel da realidade. A sindicalista sustenta que, se de fato houve melhora, foi por mérito e obstinação de quem todos os dias assume o quadro-negro. E nada além disso.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Comentários:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU COMENTÁRIO, POIS É MUITO IMPORTANTE PARA NÓS.