A CADA TRIMESTRE , quando a Prefeitura de São Paulo divulga os números de matrículas nos diversos níveis de ensino em que atua, constata-se o mesmo problema. A ênfase corretamente conferida pela administração municipal às creches, que atendem crianças de 0 a 3 anos, vem acompanhada de estagnação no âmbito da pré-escola, o ciclo seguinte da educação infantil, para alunos de 4 e 5 anos. Os números traduzem uma escolha política do prefeito Gilberto Kassab (DEM), que estimula entidades com as quais sua gestão mantém convênio a transferir vagas de uma etapa a outra da educação infantil. Os dados de março deste ano trazem um retrato ainda mais preocupante. Diminuiu o ritmo de criação de vagas para crianças de 0 a 3 anos entre 2009 e 2010, ao mesmo tempo em que foi reduzido o número de matrículas na pré-escola. Contra um acréscimo de 20 mil vagas nas creches há um ano, o levantamento indica um aumento de 7.000 matrículas neste início de 2010. A procura das famílias por esse atendimento cresce em intensidade ainda maior. Mães que antes desconheciam a possibilidade do serviço passam a bater nas portas de novas creches criadas em seus bairros. É compreensível que a fila de espera tenha aumentado. O que se lamenta é o fato de tal avanço, louvável, ter sido feito às custas da pré-escola. O número de matrículas para crianças de 4 e 5 anos caiu em 2010, de 308 mil para cerca de 285 mil. A prefeitura diz ter cortado vagas para reduzir o tamanho das turmas e ampliar o tempo dos alunos nas escolas. Mas o sacrifício poderia ter sido mitigado se o ritmo de construção de novas unidades aumentasse. Não faz sentido essa ameaça salomônica sobre a educação infantil, que abrange crianças de 0 a 5 anos de idade. Já se sabe que tal ciclo escolar é decisivo para corrigir deficiências cognitivas, associadas a fatores socioeconômicos, e diminuir, mais tarde, a desigualdade de desempenho escolar. A prefeitura tem feito, no entanto, apenas metade do trabalho.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
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